A morte está em cartaz

Uma leva de filmes favoritos ao Oscar, liderada por Manchester à beira-mar, trata nos cinemas a difícil discussão sobre as formas de lidar com o luto

 Por Nina Finco
Site Época
Lemony Snicket, pseudônimo do escritor americano Daniel Handler, cravou na abertura do primeiro volume de sua saga de sucesso, Desventuras em série, a seguinte frase: “Se você já perdeu alguém que ama, sabe como é. Se não perdeu, não tem como saber”. Quem não sofreu a perda da dor pode ter dificuldades para sentir empatia por uma pessoa enlutada, mas, de vez em quando, algumas obras conseguem transmitir ao público – mesmo para os  felizardos que nunca sofreram com a morte de um ente querido – quão sofrido é lidar com o luto. O filme Manchester à beira-mar, uma das grandes apostas para o Oscar deste ano, que chegou aos cinemas brasileiros na semana passada, mostra com sinceridade dolorida como é inevitável lidar com o que sobra da vida cotidiana depois que alguém se vai.


O filme foi dirigido pelo americano Kenneth Lonergan, cuja cinematografia é notoriamente melancólica. Sua estreia nos cinemas, o longa-metragem Você pode contar comigo, começa com um acidente de carro que mata os pais de duas crianças. A vida dos irmãos segue, mas as feridas nunca cicatrizam direito, deixando espaço aberto para uma série de escolhas erradas e um relacionamento distante entre eles. Seu segundo filme, Margaret, traça os efeitos de um terrível acidente de ônibus numa jovem mulher que pode ter sido a causa da tragédia. A jovem sofre um trauma, tenta entender o que passou e as respostas não são exatamente o que se esperava.

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