Bauru tem muita história para contar

Por Wanessa Ferrari

Para JCNet

fc154 - Prefeitura

Foto: Site da Prefeitura da Cidade de Bauru

Estação Ferroviária e Praça Machado de Mello

Se Bauru tornou-se a cidade que é atualmente, muito se deve à ferrovia. Foi por meio dos trilhos dos trens que levavam cargas e passageiros que o município adquiriu prestígio, ganhou destaque e tornou-se ponto de referência no Interior de São Paulo.

Sendo assim, o prédio da Estação Ferroviária cumpriu um papel muito importante. Era ele que abrigava viajantes, comerciantes e trabalhadores que faziam a ferrovia funcionar. Até 1939, a estação que servia à população era uma casa de madeira, que fora ampliada em 1922. Depois, na década de 30, o governo projetou uma nova e majestosa estação ferroviária para a cidade, que foi inaugurada em 1939. Por ali passavam diariamente os trens das ferrovias Paulista, Sorocabana e Noroeste do Brasil.

Atualmente, o prédio está sem utilização e não lembra nem um pouco o glamour que já teve um dia. Foi comprado pela prefeitura recentemente e há um projeto em andamento que prevê sua reutilização.

Já a Praça Machado de Mello estabeleceu-se no local em homenagem ao empreiteiro responsável pela construção inicial da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB). Também como forma de homenageá-lo, a praça abriga um busto de Machado de Mello.

 

 

Hotel Cariani

Construído em 1921, o Hotel Cariani é o terceiro mais antigo da cidade e, sem dúvida, o mais glamoroso de sua época. Localizado na quadra 1 da Praça Machado de Melo, o hotel sobrevivia em função da Estação Ferroviária, que recebia diariamente centenas de passageiros.

Segundo o historiador Gabriel Ruiz Pelegrina, um dos ilustres hóspedes que fizeram parte da história do Hotel Cariani ainda em seu primeiro ano de vida foi o então governador do Estado Washington Luiz, que de 1926 a 1930 também foi presidente da República.

“Ele veio para inaugurar as oficinas da estrada de ferro Noroeste do Brasil. Só por aí já dá para perceber que o Cariani foi, realmente, o melhor hotel daquela época”, afirma Gabriel.

O Hotel Cariani foi tombado patrimônio histórico municipal em 22 de outubro de 2002. Desde então, seus proprietários lutam para preservar a fachada intacta e longe dos atos de vandalismo.

 

Vila Emiliana e residência do superintendente da NOB

Engana-se quem pensa que a ferrovia movimentou a cidade somente no comércio, na economia e no aspecto cultural. Isso porque os trilhos também foram responsáveis pelo desenvolvimento no setor imobiliária de Bauru.

Um exemplo claro é a histórica Vila Emiliana. Localizada ao lado da ferrovia, no quarteirão compreendido entre a rua Gérson França e a rua 1º de Agosto, a vila surgiu em função da ferrovia.

“A Noroeste do Brasil (NOB) emprestou a seus funcionários aquelas casas. Eram cerca de 10, no total. Depois, foram construídos mais três sobrados, para os engenheiros, e uma casa maior, para o superintendente, que tinha cargo de confiança e era substituído a cada troca de presidência. A casa do superintendente era a mais imponente. Tinha até vigia durante a noite”, lembra o historiador Gabriel Pelegrina Ruiz .

De acordo com ele, a vila se chamava Emiliana em homenagem a um dos diretores da NOB, que tinha o nome de Emílio.

 

Cine Brasil

Fundado em 1930, o Cine Brasil foi o segundo cinema de Bauru. Assim como o Teatro São Paulo, o Cine Brasil foi um investimento de empresários da vizinha Botucatu, e funcionava em um prédio arrendado da maçonaria, localizado na esquina da rua Agenor Meira com a Batista de Carvalho.

Apesar de ter menor público do que o concorrente, o Cine Brasil ficou marcado para sempre na história da cidade como o primeiro cinema da cidade a exibir um filme com som.

“Na verdade, essa história foi uma proeza de João Simonetti que, para dar som ao filme, ligou uma vitrola debaixo da tela, dando a impressão de que o som era do filme”, revela o historiador Gabriel Pelegrina Ruiz.

 

Palacete Pagani

Na década de 20, quando mais embelezada fosse a fachada de uma casa, maiores eram as posses do proprietário do local. Neste sentido, destaca-se o Palacete Pagani, localizado na quadra 4 da rua Batista de Carvalho.

Construído em 1929 por quatro irmãos da família Pagani, o palacete funcionava como residência no andar superior e como loja de calçados no piso térreo.

Contudo, foi sua fachada no estilo rococó que atraiu e continua atraindo admiradores, tanto que foi tombada Patrimônio Histórico Municipal em 1º de setembro de 2003.

“Sempre foi uma casa muito imponente. Logo que foi construída, chamou muito a atenção das pessoas, que costumavam parar para admirar sua beleza”, recorda o historiador Gabriel Pelegrina Ruiz.

Museu Ferroviário

Quem viveu os tempos áureos da ferrovia costuma contar sobre aquela época com muito saudosismo. Geralmente, essas pessoas relembram as características da Estação Ferroviária, o intenso fluxo de trens, a imponência dos restaurantes e cafés que compunham o prédio, entre outras coisas.

Mas quem não teve a chance de viver neste período não precisa se lamentar. Basta visitar o Museu Ferroviário e o Centro de Memória, localizados bem do ladinho dos trilhos, onde antes funcionava a antiga estação.

Relíquias, retratos, manuscritos, maquetes, fotografias, entre outros objetos empoeirados que estão guardados nestes prédios cumprem a função de preservar e resgatar a história do município. Assim, para iniciar uma viagem ao tempo não é preciso de maquinista nem de muito carvão.

Serviço
O Museu Ferroviário e o Centro de Memória ficam na rua 1º de Agosto, quadra 1, no Centro, e está aberto à visitação de terça-feira à sexta-feira das 8h30 às 12h e das 13h30 às 17h; e aos sábados das 8h30 às 13h30. Entrada gratuita. Telefone: (14) 3212-8262.

 

Paço Municipal

Nem sempre a sede da Prefeitura Municipal de Bauru esteve instalada no Palácio das Cerejeiras, no Altos da Cidade. Isso porque o antigo endereço do Paço Municipal era na Praça Rui Barbosa, onde hoje está situada a Caixa Econômica Federal.

Construído em 1908, o prédio foi o primeiro de Bauru e, por muito tempo abrigou, além da prefeitura, a câmara municipal da cidade.

Em 1951, o então prefeito Nuno de Assis, percebendo a necessidade de dar à prefeitura um novo lar, iniciou a construção do Palácio das Cerejeiras, que foi entregue à população bauruense em 1964.

O antigo prédio foi demolido em 1955.

 

Automóvel Club

Pomposo e imponente, o Automóvel Club é um dos poucos sobreviventes da época áurea de Bauru. Fundado em 1938, tinha o objetivo de servir de espaço para reunião da alta classe bauruense.

Suas grandes colunas, a arquitetura no estilo romano e a fachada branca o tornaram um dos prédios mais belos e admirados da cidade, tanto que chegou a ser chamado de Palácio Encantado.

O Automóvel clube foi palco para acontecimentos importantes, como recepções aos presidentes do Paraguai, da Bolívia e o Brasil. Além disso, o prédio recebeu muitas festas promovidas para debutantes, para a alta sociedade e até mesmo eventos carnavalescos.

O Palácio Encantado foi tombado patrimônio histórico municipal em 28 de agosto de 2001.

 

Casa Lusitana

Roupas, alimentos, ferramentas, sapatos, utilidades domésticas e mais uma infinidade de produtos e objetos. Tudo isso e mais um pouco era possível encontrar na Casa Lusitana, que no início se escrevia com “z”.

Fundada em 1910 pelo português Luiz Domingues, a Casa Lusitana foi por muitos anos o ponto comercial mais importante da cidade. Funcionou durante algum tempo na quadra 6 da rua Araújo Leite e, depois, instalou-se na quadra 7 da rua Batista de Carvalho.

“Na época, chamávamos este tipo de comércio como secos e molhados. Era um lugar onde vendia de tudo e, por isso era muito frequentada pelos bauruenses. Na época da guerra, o óleo de cozinha era bastante racionado. A Casa Lusitana era um dos poucos lugares da cidade que tinha o produto disponível para compra”, relata o historiador Gabriel Pelegrina Ruiz.

Além disso, a arquitetura moderna do prédio onde funcionava a Casa Luzitana também foi um marco para a cidade, tanto que o prédio foi tombado patrimônio histórico municipal em 18 de janeiro de 2011.

 

Praça Rui Barbosa e Catedral

Quando se trata da história de Bauru, muita gente reconhece que pouco sabe a respeito do assunto. Encontrar quem já visitou os pontos históricos da cidade é missão ainda mais difícil. Contudo, pouca gente sabe, mas um dos lugares mais antigos e importantes de Bauru é, ainda hoje, um dos mais movimentados: a Praça Rui Barbosa.

Existente desde os primórdios da cidade, a praça já passou por inúmeras reformas, que sempre tiveram a preocupação de preservar-lhe a arquitetura original.

Nela estão instalados diversos marcos históricos, como o coreto, construído em 1913, a perobeira plantada no cinquentenário do município, e o espaço da primeira capela de Bauru, construída em 1894 e demolida em 1913, demarcado por mosaicos portugueses brancos.

“Na época, houve um desentendimento político-religioso entre a prefeitura e o bispo de Botucatu. Então, o ex-prefeito Manoel Bento da Cruz ordenou a demolição da capela. Por conta disso, o bispo excomungou a cidade. Desentendimento que foi superado mais tarde”, relata o historiador Gabriel Pelegrina Ruiz.

Depois disso, os católicos da cidade construíram uma nova matriz, que foi demolida em 1956 para dar lugar à Catedral do Divino Espírito Santo.

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