Quando o processo de luto se torna patológico: Saiba reconhecer!

Por Thalita Azevedo para Blog Jaleko

Sempre que ouvimos a palavra Luto é quase certo vir à mente a ideia de morte, de lamentação por uma perda, de tristeza.

tree-5262953_1920Esse processo em que nós nos ajustamos à nova realidade de ausência – seja pelo falecimento de um ente querido, por um divórcio ou perda de um emprego – é totalmente natural e passa por diferentes fases, até chegar em sua aceitação.

Mas… E quando o processo de luto não ocorre de maneira “fisiológica”? E quando o luto se torna patológico?

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) a principal diferença entre o processo normal de luto e um processo complexo seria o tempo – cronológico mesmo, não no seu sentido figurado; quando uma pessoa apresenta sintomas persistentes de luto por um período de doze meses ou mais (ou seis meses em casos de crianças) é dito que possui um Transtorno do Luto Complexo Persistente – o Luto Patológico.

Nesse estado mais complexo, o “eu” se torna incapaz de “ser” após a perda sentida – não ocorre de uma maneira transitória, como um processo a ser vivenciado.

Freud faz uma definição do luto como “um estado de ânimo profundamente doloroso”, sendo reacional a uma perda, e seu processo de enfrentamento depende das habilidades de cada um para se readaptar – é a chamada “elaboração” do luto.

O luto é um processo emocional saudável, porém, quando prolongado, se torna mais complexo e tende a prejudicar a saúde mental do indivíduo; além disso, é um importantíssimo diagnóstico diferencial com o Transtorno Depressivo e, por isso, ganha destaque na prática clínica.

Existem alguns fatores considerados alertas para o risco do luto não se desenvolver de forma favorável, como: idade e sexo da pessoa enlutada, experiência anterior de perdas, recursos psíquicos utilizados na elaboração anterior, tipo de morte e relação com a pessoa falecida, suporte social envolvido, entre outros.

O Luto Complicado/ Complexo/ Patológico pode ser ainda classificado como: luto crônico – quando há um prolongamento do tempo do luto, com ansiedade e inquietude; luto adiado – quando as fases do luto não se apresentam adequadamente no tempo decorrido, o que pode levar a isolamento ou outros sintomas distorcidos; e luto inibido – quando há total ausência de sintomas do luto normal.

Quando identificamos o luto como complexo, é necessário um tratamento específico. Existem algumas técnicas de enfrentamento que podem ajudar nesse processo:

– elaborar a dor da perda: a ansiedade é muito presente nesse momento; o acompanhamento psicológico se faz essencial desde o início

– aceitar a realidade da perda: aceitar o que é inevitável e tornar isso consciente ajuda a transformar a tarefa de aceitação mais fácil de ser executada

– ajustar-se ao ambiente onde há a ausência do objeto ou pessoa perdida: reorganizar-se, planejar novos papéis que serão assumidos no período após a perda e questionar-se sobre sua posição naquele meio também pode ser uma estratégia para elaborar melhor o luto

– seguir a vida: a perda não deve limitar o caminho – as memórias serão guardadas, mas é necessário um reajuste emocional para que isso não prenda a pessoa enlutada a um momento de inércia e sofrimento.

É importante lembrar que o luto patológico não é a regra, mas sim uma complicação do processo de luto normal.

A maioria das pessoas que sofre uma perda tende a viver as fases do luto e chegar à sua aceitação, mesmo vivenciando momentos de maior sofrimento, sem que isso represente um risco à sua saúde mental ou se torne uma doença.

O luto é um processo individual e não deve ser encarado como “falta de vontade” ou “desespero” para que a pessoa que sofreu a perda “supere logo” e se resolva emocionalmente em um curto espaço de tempo.

Se conhecer alguém que sofreu uma perda recentemente – ou mesmo há muito tempo – acolha. Aconselhe a buscar um acompanhamento psicológico. Indique esse artigo.

Ou, se você mesmo passa pelo processo de luto, procure por ajuda; saiba quais as melhores estratégias você pode dispor para te auxiliar a viver essas etapas da maneira mais natural e no tempo certo.

Para conferir outros artigos, clique no link abaixo.

Tudo sobre medicina

Compartilhe