7 dicas para ajudar a superar o luto
Por Juliana Sonsin para Telavita
O luto tem várias fases e pode ser melhor compreendido com o autoconhecimento. Separamos 7 dicas para ajudar a lidar com o luto. Confira!
A morte sempre foi representada pelo ser humano nas mais variadas formas ao longo de toda a história. Na cultura ocidental, o ser encapuzado carregando uma grande foice é a mais popular, seguida dos mitos sobre deuses e deusas da morte enraizados na cultura de diversas civilizações, como Hades, deus dos mortos, na mitologia grega.
Mesmo sendo cultuada e mencionada desde os primórdios, a verdade é que nunca estamos realmente preparados para a morte. Não aprendemos na escola, nem na faculdade e nem ninguém nos explica como encarar a dor da perda.
A palavra luto tem origem no latim, “luctus”, e significa aflição, pesar, dor. O processo de luto é bem difícil e envolve questões emocionais, psicológicas e, em alguns casos, tem consequências físicas também.
Confira abaixo 7 dicas de como superar uma perda!
1 – Não ignore o luto
A morte é uma transformação psíquica profunda e só é experimentada quando nos deparamos com a morte do outro, em geral, com a perda de uma pessoa querida.
Um dos psicanalistas mais famosos, Carl Gustav Jung, equipara a vida ao percurso do sol, em seu texto A alma e a morte (1934). Para ele, o sol nasce no horizonte e chega no seu pico ao meio-dia, e desce em curva descendente até o final da tarde, quando se despede do dia e morre. Esse fenômeno trilharia o mesmo caminho que a vida, onde todos os humanos vivos caminham sempre em direção a morte.
Por isso, assim como o movimento do sol e o processo da vida e da morte, superar perdas é uma transformação interna. Viver o luto é essencial. Não esconda-o ou evite falar quando precisar. Escolha pessoas em quem confia para desabafar, chore toda vez que sentir vontade e, principalmente, não tente ignorar essa fase da sua vida. Ela é necessária para entender melhor a si mesmo e o complexo sentimento que a partida do sol traz.
2 – Busque ajuda
O abraço de um amigo e a conversa com alguém querido sempre traz acalento nas horas difíceis. Mas a perda de um ente querido pode ser complicado demais de lidar para algumas pessoas. Por isso, buscar o auxílio de um psicólogo é essencial, justamente para compreender melhor os sentimentos desse momento e como encarar eles da melhor maneira possível, sem que eles tragam impactos maiores à sua vida.
Muitas pessoas que não conseguem lidar com o luto podem acabar desenvolvendo sérios traumas e doenças psicológicas, como a depressão. Ninguém é ensinado a viver o luto, por isso não se sinta na obrigação de ser forte o tempo todo. O ser humano tem fragilidades e isso não é vergonha alguma. Profissionais como o psicólogo especialista em luto tem grande conhecimento em métodos mais direcionados a essa fase.
3 – Não se isole
Uma das tendências de pessoas que sofrem com a perda de um ente querido é se afastarem dos grupos de amigos, da família e de eventos sociais, de um modo geral.
Existem algumas etapas do luto, como a negação, a raiva e a depressão. O isolamento, para esses três estágios iniciais, não é a saída mais indicada, pois o indivíduo que sofre com a perda é no seu momento mais frágil e pode se aprofundar em mares desconhecidos de si mesmo. Em alguns casos, a pessoa mergulha tão fundo que não consegue voltar à superfície, dando de cara com a tristeza, culpa e depressão.
Estar rodeado de pessoas queridas é um alento para a alma, pois elas emprestarão palavras de apoio, carinho, afeto e distração. É muito importante se engajar em eventos sociais assim que o luto for devidamente vivido.
4 – O luto não tem tempo
Quanto tempo dura um luto? Essa é uma pergunta sem respostas pois cada indivíduo tem o seu tempo de viver o luto. O fato é que as coisas nunca voltarão ao normal, é preciso ter isso bem claro. Muitas pessoas tentam esquecer que a morte aconteceu e seguir a vida, mas isso acaba por esconder sentimentos que precisam ser externados. Enraizar esses sentimentos só traz prejuízo, pois nunca são devidamente compreendidos e podem gerar toda a sorte de problemas.
Tem pessoas que lidam com a morte de modo mais rápido e conseguem compreender seus efeitos num curto período de tempo. Outras, demoram um pouco mais e, algumas, pode ser que nunca superem, pois não viveram o processo do luto de peito aberto. Não se cobre pelo tempo que está levando para se livrar dos sentimentos ruins que a morte gera. Viva o luto no seu tempo, por quanto for necessário, mas de forma alguma apresse a cura, pois é um momento delicado e que precisa de todo o tempo do mundo para ser tratado.
Imagine a dor da perda como um machucado. Algumas pessoas que procuraram ajuda mais rapidamente, conseguem se curar em menos tempo. Outras, que demoraram muito para ir ao hospital, vão demorar mais para cicatrizar a ferida. É assim com o luto. O processo de cicatrização depende de indivíduo para indivíduo.
5 – Desapegar não é esquecer
O renomado psicanalista Sigmund Freud escreveu: “A sombra do objeto recai sobre o ego”. A frase remete ao conceito de melancolia onde o objeto perdido é internalizado e identificado com o ego, revertendo o amor antes sentido ao ódio pela perda. Assim, a melancolia é um obstáculo no processo de recuperação.
É difícil se desapegar da rotina antes vivida com a pessoa que partiu. Os momentos, embora eternos, são uma marca de que algo que antes era comum e rotineiro, se foi. Dar de cara com esse breu da ausência é um dos momentos mais difíceis. Mudar a rotina pode ser a saída. Crie novos hábitos, seja sozinho ou com outras pessoas. Esse desapego pode ser sentido como traição ou culpa, mas ele é saudável e necessário.
Dar adeus não é fácil. Os cômodos da casa e os objetos da pessoa que partiu são um constante lembrete da perda. Alguns psicólogos sugerem a mudança desses objetos de lugar, seja guardando-os ou doando-os para pessoas que precisam. Tudo vai depender da reação da pessoa que ficou. Alguns são mais relutantes quanto ao isso pois pensam que mudar ou dar adeus aos objetos é esquecer, mas não é bem assim. Nada que fizer vai apagar as lembranças vividas. Caso não queira se livrar dos objetos da pessoa, tudo bem, também. Só não faça deles um culto triste e diário.
6 – Aos poucos, volte à rotina
Assim que passar as etapas inciais do luto de negação e tristeza, busque retomar atividades rotineiras. Algumas pessoas se sentem culpadas quando pensam em voltar à vida “normal” pois estariam banalizando a morte e esquecendo da pessoa que partiu. Esse sentimento é comum, mas não deve ser internalizado. Caso sinta que a culpa te persegue cada vez mais, impedindo-o de voltar a viver sua rotina e as atividades prazerosas, busque auxílio de um psicólogo!
7 – Terapia
“Para Freud, tanto o luto quanto a melancolia manifestam-se
enquanto respostas a essa perda. O luto, neste sentido, seria
uma reação sadia, ainda que dolorida, à realidade natural da perda,
que acomete a todos. No entanto, diz ele, ‘sob as mesmas influências
observamos, em algumas pessoas, melancolia em vez de luto, e
por isso suspeitamos que nelas exista uma predisposição patológica“., explica José Gilton Paz Leite, Mestre em Filosofia pela Universidade São Judas em seu estudo “Da perda não elaborada: A melancolia em Sigmund Freud”.
A terapia cognitivo-comportamental lida com o medo da morte, com as moções e comportamentos decorrentes do luto. O luto patológico nasce da negação da morte e ignora todas as etapas que necessitam ser vividas. Aqui, o processo do luto não termina como esperado e interfere na vida e nas atividades rotineiras da pessoa que ficou. É como aquele ferimento, como exemplificado anteriormente, que não foi cuidado e ainda dói e sangra.
A vida humana teria este mesmo caminho: crescimento, expansão e amadurecimento. Na metade da vida, obrigatoriamente, estaríamos nos dirigindo ao fim. A morte deveria ser nossa meta a partir desta fase e, por tal motivo, Jung coloca que só́ permanece realmente vivo quem estiver disposto a morrer com vida. E talvez esse seja o maior ensinamento do amor: poder suportar um silêncio sem resposta presente na perda, um silêncio, como diria Jung, que, em seu caso, só veio como resposta na forma de sonhos. Resposta que também encontrei em muitos de meus pacientes, um sonho ou um fato numinosamente surpreendente, que preenche o silêncio imposto no momento em que as pontes são cortadas, um vislumbre do que somos presente no enfrentamento da morte do outro, a certeza de que o mundo dos vivos e dos mortos formam um todo.
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