Funeral Blues: o que desastres nos ensinam sobre o luto
Embora cada um vivencie o luto de maneira diferente, as grandes tragédias podem nos trazer informações sobre importantes aspectos para aceitação da perda
Por José Alexandre Crippa
Para Veja.com
Imagem Pixabay
Em 1936, o poeta inglês W.H. Auden (1907-1973) escreveu e publicou Funeral Blues, um poema que ganhou popularidade após aparecer no filme Quatro Casamentos e um Funeral (Four Weddings and a Funeral, 1994) na cena em que um dos personagens homenageia o seu parceiro morto. Desde então, o poema tem sido citado como exemplo de manifestação pública de perda e luto. Está lapidado no memorial do novo estádio de futebol Heysel, em Bruxelas, onde 39 torcedores morreram na final da Copa dos Campeões da Europa, em 1985. A primeira estrofe é tão forte que o seu início já traz as palavras (Stop all the clocks) que muitas vezes substituem o título original:
“Que parem os relógios, cale o telefone,
jogue-se ao cão um osso e ele não ladre mais,
que emudeça o piano e que o tambor sancione
a vinda do caixão em seu cortejo atrás.”*
O luto é muito mais do que o profundo sentimento de tristeza pela morte de alguém que amamos. Além das naturais reações emocionais, pode trazer impacto cognitivo, físico, no bem-estar social. No seu livro seminal Sobre a Morte e o Morrer (On Death and Dying, 1969), a psiquiatra suíço-americana Elisabeth Kübler-Ross (1926-2004) descreveu o modelo com as cinco fases do luto: 1. negação (a pessoa não acredita que aquilo seja verdade); 2. raiva (fica irritada e frustrada consigo e com os outros); 3. barganha (“negocia” para que a perda não ocorra e promete mudar seu estilo de vida); 4. depressão (fica angustiada, isola-se e entristece); 5. aceitação (aceita a morte como uma etapa inevitável da vida).
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