Pai, embora uma parte de mim entenda a sua partida, a outra está morrendo de saudade
Por Giovana Souto para O Segredo
É preciso muita força para seguir em frente depois de perder nosso pai. Mesmo com um buraco no coração, vivemos cada dia, pois sabemos que é isso que ele gostaria que fizéssemos!
Por mais forte que seja o nosso desejo, infelizmente, nossa família não é eterna. Em algum momento da vida — já na fase mais madura, se tiver sorte — você será forçado a dizer adeus a quem um dia foi o seu mundo. Quem foi o seu primeiro guia pela vastidão da existência, quem lhe ensinou a diferença entre certo e errado, quem lhe mostrou o maior amor do mundo. Uma das poucas certezas que temos é da partida deste plano para o próximo, mas ainda assim, como dói ver ir embora quem esteve do nosso lado durante toda nossa jornada.
Sim, nós sabemos, nossos pais não são eternos, e muitas vezes tentamos tirar grandes lições do momento em que partiram. Mas se formos sinceros, a verdade é que não conseguimos compreender por que precisar sentir tanta dor ou por que eles não podiam ficar mais um pouco conosco.
Mesmo as mentes mais esclarecidas, assim que recebem a notícia de que seu pai se foi, não conseguem focar nos pensamentos transcendentes sobre a passagem da vida; tudo o que conseguem ver é o borrão da perda.
Com o passar do tempo, no entanto, nós nos pegamos divididos entre sensações. Algum dia, você enxergará a vida de seu pai como um todo e simplesmente admirará sua caminhada. Haverá um gosto de tristeza, é claro, mas será recompensada com a visão de que seu pai viveu bem. Outros dias, porém, serão regados a lágrimas e ira por conta de tudo que seu pai não poderá ver deste mundo, as suas novas fases que ele não testemunhará, as conversas que vocês não poderão ter. O amargor da tristeza tomará conta do seu coração e sua cabeça irá em direção ao céu, em desafio, perguntando para quem quer que esteja lá em cima por que ele não podia mais ficar com você.
Chegamos a este mundo sabendo disso: se a ordem natural for seguida, ele irá embora antes de nós, aos quais restará a certeza de que deixou seu legado no coração dos filhos. Mas quem dera essa informação fosse suficiente para acalmar nosso coração!
“Pai, uma parte de mim entende por que você precisou ir embora, mas a outra continua sentindo sua falta imensamente”. Todos que já perderam um pai conseguirão se identificar com as emoções dessa frase, que está entre aspas para exemplificar que muitas vezes é parte dos diálogos de alguns com seus pais, no coração. Mesmo sem saber se nossas palavras conseguem alcançá-los lá no outro plano, continuamos conversando com ele, mesmo que seja apenas uma forma de tentar nos acostumar com o vazio.
Mesmo quando essa perda ocorre na fase adulta, é muito difícil navegar por esses sentimentos. O processo de cura do luto é único para cada um e, definitivamente, não é linear. Haverá dias em que a lembrança dele só lhe causará alegria, e outros em que a simples menção de seu nome fará você verter em lágrimas.
Seguimos então, como órfãos confusos. Parece impossível, até mesmo uma falta de respeito, seguir em frente depois de tamanha dor.
Mas nós seguimos. Às vezes, não porque queremos, mas por saber que era isso que ele desejaria de nós.
No coração de cada pessoa que perdeu o pai pulsa o impacto da vida dele na dos filhos, uma mensagem que diz aos céus que, mesmo nos dias em que a ausência dele não faz sentido algum, nos momentos em que tudo seria sacrificado para ter apenas mais um dia juntos, continuaremos em frente, em memória de tudo ele que nos ensinou em vida.
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