Como superar a perda de um animal de estimação
Por Mundo dos Psicólogos
A perda de um animal de estimação pode ser traumática, mas seria comparável à perda de um ente querido? Neste artigo falamos sobre o tema, argumentando se seria um caso de luto ou não.
Superar a perda de um ente querido é um processo delicado, lento e que muitas vezes demanda uma rede de apoio, com o suporte dos mais íntimos e o acompanhamento de um psicólogo especializado em luto. Para muitos, essa dor intensa e arrebatadora também é sentida quando o vazio é deixado pelo animalzinho de estimação.
Seria exagero ou sensibilidade? A dor pela perda de um pet poderia ser equiparada à de um ente querido e provocar um processo de luto? Obviamente, trata-se de um tema que divide opiniões, não somente entre os especialistas, mas também na sociedade como um todo.
Fato é que muitas pessoas, ao perder um animal de estimação, especialmente se o tempo de convivência com o mesmo foi duradouro, sentem um vazio muito difícil de superar. São comuns os casos de tristeza profunda, que podem ser a porta de entrada para uma depressão.
A falta de compreensão dos mais próximos, sejam familiares, amigos ou colegas de trabalho, não ajuda a enfrentar a perda. Os mais críticos qualificam de excessiva a forma como a pessoa está sendo afetada e experimentando a ausência do pet. Em casos assim, é normal que a pessoa se sinta fragilizada, até mesmo pela falta de um ombro amigo para poder desabafar.
O que diz a ciência?
Um estudo realizado pelo Center for Human-Animal Interaction, da Faculdade de Medicina da Virgínia (EUA), no ano de 1988, demonstrou que determinadas pessoas percebem os animais de estimação como um membro mais da família. A teoria foi reforçada por uma nova investigação, 10 anos mais tarde.
Nela, a teoria do apego de John Bowlby, que explica o vínculo que um bebê desenvolve pelo cuidador, justificado por um instinto de sobrevivência, também seria aplicável à relação entre a pessoa e o animal de estimação.
É em contextos assim que a morte do pet acaba por supor um processo de luto equiparável à perda de um ser humano, especialmente em casos de doenças prolongadas ou degenerativas. E como 50% das pessoas considera que se trata de um feito indigno de processo de luto, segundo estudo do Canadian Veterinary Journal, muitos acabam recorrendo à ajuda psicológica para tratar de enfrentar a perda e conseguir lidar com a cobrança externa.
Como superar a perda do animal de estimação?
Em casos assim, o primeiro passo é normalizar a tristeza, ou seja, permitir sentir o peso da ausência e dar-se o tempo necessário para curá-la. É importante encontrar uma via para expressar esse sentimento, seja falando, escrevendo ou procurando uma terapia.
Além disso, é importante encontrar atividades para ocupar o tempo na rotina que anteriormente era dedicado ao pet; igualmente funcional pode ser adotar ou comprar outro animalzinho de estimação, que, além de ser foco de toda o carinho que era destinado àquele que já não está, será capaz de dinamizar sua rotina com novas necessidades e ritmos.
Psicólogos advertem, entretanto, que a inserção de um novo animal de estimação deve ser decidida com critério, já que uma “substituição” é incapaz de evitar a dor. A pessoa precisa se conscientizar da importância de viver cada etapa desse processo, até mesmo para evitar uma futura decepção com o novo animal, que não deve ser responsabilizado pela situação atual.