A dor de perder alguém
Texto Henrique Arcena (@henriquearcena)
A humanidade, inserida no contexto de provas e expiações, experimenta eventualmente a partida de entes queridos. Para uma parcela dela, a dor é infinitamente maior do que se comparado àqueles que possuem uma fé racional e espiritualizada, como o Espiritismo, além de outras tantas.
Por enquanto, ninguém consegue receber a desencarnação de alguém com alegria, pois os sentimentos humanos ainda estão muito presos à matéria. Há a ilusão de que a vida termina no túmulo. E, ainda para aqueles que recebem o devido esclarecimento sobre a continuidade da vida, sentem no fundo de seus corações um pouquinho do peso da ausência física de alguém.
É que, apesar da fé e da crença, as coisas mudam com a morte de um ser amado. Os momentos de alegria viram lembranças. A presença forte de alguém se torna tão pequenina e restrita às fotografias que a memória traz à mente.
Ainda não aprendemos a dizer “até logo”, porque a grande maioria de nós acredita no “adeus”. E ninguém morre de fato. Muda de forma, de plano, de sintonia. Renasce em outra dimensão para dar continuidade ao processo evolutivo de cada um.
Os sentimentos de posse também interferem nesse processo de luto. O fato de considerarmos alguém como “meu isso” ou “minha aquilo” distorce o conceito de que somos, na verdade, uma só família, um só povo. E como seres de uma mesma família, devemos ter a fraternidade para com todos e não nos prendermos às limitações que os papéis familiares exercem em nossas vidas.
Precisamos encarar o fato de que iremos dizer “até logo” para uma grande parcela de pessoas que convivem conosco. Adiar esse encontro com a morte é uma mera ilusão. O quanto antes nos prepararmos, mais rápido será a nossa reação durante o luto. E mais feliz seremos aqui que ainda permanecemos, e os que partiram que, do outro lado, irão recomeçar. Um dia, estaremos todos juntos novamente.