A VILA FALCÃO: SABIA QUE É O PRIMEIRO BAIRRO DE BAURU
Por Vivendo Bauru
A Vila Falcão tem sua história ligada à ferrovia, ao samba, à religiosidade e ao ensino e o tempo se incumbiu de nos mostrar isso, apensar de ter surgida há mais de um século, às margens dos trilhos da Noroeste e do rio.
É uma cidade encravada no coração da “Cidade Sem Limites”.
Tudo começou com um pequeno aglomerado de casas, que cresceu e se desenvolveu ao longo do tempo e acabou convertendo-se em um dos bairros mais famosos de Bauru e onde foi instalada a primeira instituição de ensino superior (ITE) e a segunda paróquia do Município (Igreja de São Benedito). Tem mais e salve Paulo Keller e outros de nossos carnavais: a Falcão também é considerada a vila dos sambistas, dos boêmios e dos amantes da bola. Quis o destino que lá fosse construído o estádio do Noroeste, a princípio Ubaldo de Medeiros e depois, por questões políticas, Alfredo de Castilho.
O pesquisador Irineu Azevedo Bastos também é nascido na Vila Falcão e conhece mais sua história do que conhece as demais, de Bauru, mesmo porque vivenciou toda evolução do bairro e conta que o mesmo surgiu por volta de 1906 – ou seja, quase de maneira concomitante ao início das obras da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil -, a partir de um loteamento pertencente a Maria Falcão Machado, daí o nome da vila (Falcão).
Mas nem sempre a Vila Falcão foi integrada ao perímetro urbano de Bauru e isso só veio a ocorrer em 1918. Era um quadrilátero que fazia divisa com a atual Vila Dutra, o rio Batalha e a fazenda Val de Palmas -, cuja “sede” era situada nas imediações de onde, hoje, estão as ruas Alfredo Maia e Bernardino de Campos. Enfim, embora distrito, era imenso.
Em 29 de julho daquele ano, finalmente o distrito foi incorporado ao perímetro urbano do Município, por meio da lei número 145. Naquela época, a Vila Falcão parecia ser um mundo à parte em Bauru.
“As pessoas quase não iam à ‘cidade’, pois o comércio da vila tinha de tudo: desde cebola e tomate até lenha e arreio para cavalos”, recorda-se o ferroviário aposentado Ricieri Trevisan, 79 anos, que viveu no bairro por mais de oito décadas.
Destacavam na Falcão os estabelecimentos: Padaria União do Brasil, de propriedade do português Duarte da Silva; o Açougue Brasil, pertencente ao italiano Luiz Ferrari; e a Serraria Brasil, de Oswaldo Pereira.
O espaço no bairro, a princípio, era divido entre os ferroviários e os imigrantes que trabalhavam nas lavouras de café da região (principalmente a Val de Palmas). “Antigamente, não havia viaduto ligando o bairro à cidade – só uma passagem em nível, próximo às oficinas da Noroeste”, explica o barbeiro Zélio Póvoa, que trabalha no bairro desde 1 de fevereiro de 1950.
Também compunha a comunidade da Vila Falcão uma expressiva comunidade negra. Inclusive, foi a partir de uma irmandade fundada por afro-descendentes que surgiu a capela do bairro, dedicada a São Benedito, que diante de tanta procura por fiéis negros, em 1929, uma nova capela teve de ser construída. Mais tarde, em 1942, a igreja receberia uma torre e, dois anos depois, seria elevada à condição de paróquia.
A igreja de São Benedito funcionou como uma espécie de coração do bairro e isso por décadas, conforme conta a aposentada Dalva Batalha Teixeira Grandini, 74 anos, que mora no bairro desde que nasceu. . “Ali, existia uma praça muito bonita, com árvores, bancos e um coreto onde uma banda costumava se apresentar”, conta a aposentada.
Embora esteja localizada no coração da Vila Falcão, a igreja de São Benedito costuma atrair fiéis de diferentes regiões de Bauru. “Muitas pessoas de outros bairros começaram a frequentar as missas e acabaram criando raízes na comunidade”, acredita o padre Fábio Roberto Chella, responsável pela paróquia.
Nos anos 1990, importantes movimentos de leigos do catolicismo, como os Encontros de Casais com Cristo (ECC), os Cursilhos da Cristandade e a Renovação Carismática, ganharam força na paróquia, a segunda mais antiga da cidade.
“Por muito tempo, as igrejas de Santo Antônio, na Bela Vista, do Senhor Bom Jesus, na Independência, São José Trabalhador, na Vila Industrial, e São Pedro, na Vila Dutra, foram capelas de nossa paróquia”, explica padre Fábio.
Leia a continuação da história da Vila Falcão no link abaixo.