COMO NOSSO CÉREBRO LIDA COM O LUTO?
Por Everton Lima para Megacurioso.com.br
Perder uma pessoa querida pode ser um evento traumático. Não por acaso, a forma como nosso cérebro vai processar essa situação pode afetar nossa saúde, causando doenças físicas e mentais.
Diversos estudos já analisaram o efeito do luto no cérebro humano. Cientistas explicam que a morte de alguém que amamos é entendida pela mente como uma ameaça à nossa sobrevivência. Logo, nossa amígdala cerebral, responsável por processar as emoções, aciona mecanismos de defesa para nos ajudar a lidar com esse novo perigo.
Os batimentos do coração são acelerados, assim como a respiração. Essa estratégia nos ajudaria a fugir de um perigo físico, mas não nos ajuda a lidar com uma dor emocional. Só que a amígdala não sabe disso.
Para ela, perigos emocionais e ameaças do mundo real, como um predador nos perseguindo, são a mesma coisa. Vai caber às partes mais avançadas do nosso cérebro, como o córtex, racionalizarem sobre o assunto — o que não ocorre imediatamente. É por isso que as reações imediatas à notícia da morte de alguém são mais emotivas e, conforme o tempo passa, a pessoa vai se acalmando e entendendo o que aconteceu.
“O trauma emocional do luto resulta em mudanças profundas na função cerebral devido ao estresse repetitivo da resposta de luta ou fuga e neuroplasticidade, que é a remodelação do cérebro em resposta à experiência e mudanças em nosso ambiente”, explicou Dra. Lisa M. Shulman, neurologista, em entrevista à Live Science.
Os efeitos do luto na saúde física
Um artigo publicado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) explica como o luto afeta não só o cérebro, mas outras regiões do corpo, podendo adoecê-lo. “É percebido que as emoções, se não bem elaboradas, podem desencadear uma série de sintomas que afetam a saúde do indivíduo, desse modo, acarretando mau funcionamento das funções biológicas, impedindo o bom desempenho de atividades comuns do cotidiano, como comer de forma satisfatória, se movimentar, manter os batimentos do coração saudáveis, respirar bem, manter hormônios e neurônios em seu bom funcionamento, entre outros, provocando dificuldades nos sistemas digestivo, endócrino, muscular, cardiovascular, respiratório e nervoso”, informa o estudo.
Como lidar com o luto de uma forma saudável?
É natural que a memória da perda gere sentimentos de tristeza. Contudo, conforme o tempo passa e o cérebro processa essa situação, é esperado que o indivíduo sinta menos sintomas físicos.
Portanto, cabe às pessoas próximas a missão de observar se isso está ocorrendo. Caso contrário, é importante que o enlutado passe por uma avaliação psicológica e, por meio da terapia ou medicação, consiga lidar melhor com seus sentimentos relacionados à morte.
O estudo da Unesp chama a atenção para os efeitos negativos do luto mal processado na saúde do coração, devido à ação de hormônios, como o cortisol. A alteração de peso, de forma muito brusca, também é citada como um sintoma comum no luto que pode causar problemas na saúde das pessoas se não for devidamente acompanhada.
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