Do primeiro endereço à carreira de professor: confira cinco curiosidades sobre Paulo Neves

De Raphael Bonini para Social Bauru

Com 73 anos de vida, o nome de Paulo Neves sempre é lembrado quando se fala da cultura de Bauru e região. E não é por menos! São mais de 50 anos dedicados ao teatro e às salas de aula.

Além do resgate ao passado, mergulhar nessa trajetória também é uma oportunidade de conhecer mais sobre a nossa cidade e seus personagens.

Por isso, a lista abaixo, com as cinco curiosidades sobre a vida de Paulo Neves, é uma forma de se aprofundar na cultura bauruense. Confira:

1) Rua Gerson França, 6-66

Foi neste endereço, às 16 horas de 13 de maio de 1948, que nasceu Paulo Neves. À época, moravam na casa os avós Carminda Ribeiro Alves e Antônio Alves. Com a morte do pai, Eurico Camargo Neves, em 1953, a mãe dele, Celina Alves Neves, se mudou para lá e passou a morar com os filhos.

“Na época, eram raros os carros que passavam pela quadra seis da Gérson França e podíamos jogar futebol com frequência”, relembra Neves.

Hoje, em 2021, o endereço, após reformas, tornou-se a sede do Curso Livre de Teatro Paulo Neves. O espaço, além de salas de aulas e um anfiteatro, também possui árvores no quintal plantadas quando Paulo ainda era criança.

2) Amor pelos palcos que passa por gerações

Celina Lourdes Alves Neves, mãe de Paulo, foi uma professora e incentivadora de todo tipo de arte. Natural de Taquaritinga (SP), ela fundou e presidiu por 11 anos a Federação de Teatro Amador de Bauru, dirigiu a Escola Progresso por 42 anos e foi a primeira presidente da Academia Bauruense de Letras.

Além disso, foi pelas mãos de Celina que Paulo encontrou-se com o teatro. Em 1956, a artista criou o Grupo Teatral Gil Vicente, composto por seus alunos e seus filhos. Essas atividades marcaram para sempre o DNA da família.

Paulo, hoje com 73 anos, segue como dramaturgo, além de ser professor. Os filhos dele, Talita e Thiago Neves, seguiram a mesma trilha e também atuam na área. Ah, outra curiosidade: até o ano 2000 Bauru não possuía teatro, mas hoje é um dos cartões postais da cidade! E adivinha qual é o nome dele? Teatro Municipal ‘Celina Lourdes Alves Neves’!

3) Teatro político e cinema em tempos de Ditadura Militar

Com Celina, Paulo entrou em contato com o teatro clássico. Esse período, anos de juventude do artista, transcorreu na época em que o Brasil vivia em turbulência política que culminou com a Ditadura Militar. “Fui à luta e, na vertente do teatro político, escrevi, em 1968, minha primeira peça: ‘Yes, nós somos brasileiros’”, conta.

O espetáculo estreou no Automóvel Club de Bauru. Em Campo Grande (MS), Paulo lembra que a peça foi cancelada, após o artista bauruense recusar uma solicitação de um coronel. O militar queria retirar a palavra ‘Yes’ do nome do espetáculo, “porque não era patriótico”.

Esse não foi o único embate com os militares. Por conta de sua atuação política nos palcos e como estudante de História, ele foi interrogado duas vezes pelo DOPs (Departamento de Ordem Política e Social), órgão do governo militar responsável por prisões, torturas e assassinatos no período.

Também foi nessa época, em 1975, que Paulo, junto com amigos Mário e Rosa Gabrielle, criaram o Cine Clube Bauru, primeiro coletivo de cinema da cidade. O grupo exibia filmes e fazia debates. “Naquele momento, em plena Ditadura Militar, era incrível ver as pessoas escolhendo o que iam assistir”, conta.

4) Carreira no jornalismo

Atualmente, Paulo é conhecido por sua atuação como professor de teatro e história. Mas, em sua trajetória, o jornalismo também ocupa um lugar especial. “Comecei a trabalhar no Jornal da Cidade com 25 anos, em 1973. Fazia as fichas dos assinantes, mas o que eu queria mesmo desde aquela época era escrever”, conta Paulo.

Depois, já na função de repórter, Paulo foi o responsável pelas colunas ‘TV & Você’, ‘Um homem, uma mulher, uma entrevista’, ‘Móbile’ e ‘O aparte é nosso’, essa última assinada com outros jornalistas da cidade.

5Nos palcos e nas salas de aula

Inegavelmente, a figura do Paulo professor, seja no curso de teatro ou no ensino de história, é recordada por gerações. Dentro das salas de aula, ministrando a disciplina de História, Paulo passou por instituições de ensino como o Colégio Estadual Christino Cabral e Prevê Objetivo.

Já no ensino de artes cênicas, em mais de oitenta peças, Paulo Neves levou aos palcos várias gerações de atores, incluindo nomes que ganharam reconhecimento nacional no teatro, no cinema e na televisão, como Edson Celulari, Adriano Garib e Arieta Corrêa.

“Falar do professor Paulo Neves é sempre um prazer. Paulo faz parte da minha vida desde a década de 1970, quando fiz minha escolha artística ao participar de um de seus grupos de teatro na cidade de Bauru, onde nasci e vivi até os 17 anos”, relembra Edson Celulari, em depoimento concedido à autobiografia de Paulo.

Essas e outras curiosidades sobre Paulo Neves podem ser conferidas no livro Palco de memórias – 50 anos de teatro e luta, autobiografia comentada de Paulo Neves recentemente lançada pela Editora Mireveja.

Para conferir a publicação no site Social Bauru, clique no link abaixo.

Do primeiro endereço à carreira de professor: confira cinco curiosidades sobre Paulo Neves

Compartilhe