O luto dos animais
Por Sara Sofia Gonçalves para Notícias Magazine
O desaparecimento de pessoas ou de outros animais que vivam na mesma casa é um processo que cães e gatos experienciam de forma semelhante ao luto dos humanos. São vários os sinais de alerta e poucas as soluções.
Perder quem é a nossa companhia diária é doloroso e a situação não atenua no caso dos animais. A perda do dono ou de outro animal que vivia na mesma casa é causa de sofrimento para cães e gatos, que sentem a falta de quem lhes era próximo. Os sintomas são vários e, por norma, evidentes: comem menos, ficam mais quietos e até choram. Comportamentos que podem mesmo ser associados a uma depressão, aponta Ilda Rosa, professora na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa. Menos frequentemente, também podem ocorrer comportamentos agressivos e hiperativos, relata Teresa Ribas, do Hospital Veterinário de Gondomar.
No caso dos gatos, é preciso maior atenção, pois “raramente demonstram que estão doentes” e a saúde do animal pode agravar-se sem sinais de alerta, destaca a médica-veterinária especializada em comportamento e bem-estar animal Ilda Rosa. A idade é também um fator a ter em conta. No caso de cães mais velhos, é aconselhável a realização de exames médicos mais regulares após a perda.
Apesar da angústia que pode causar ao dono ver o animal em sofrimento, não há muito a fazer. “Deve apenas dar-se tempo”, explica Ilda Rosa. Teresa Ribas acrescenta que é necessário respeitar as rotinas anteriores do animal, mas, de forma gradual, deve introduzir-se novas, para que não se perpetuem comportamentos depressivos no animal.
A professora da Universidade de Lisboa considera que, numa sociedade em que o sofrimento humano pela perda de um animal de companhia ainda não é bem aceite, alertar para a existência de dor emocional nos animais é difícil. Mas lembra que cães e gatos são animais sencientes, ou seja, são capazes de ter sensações e sentimentos de forma consciente.
Há donos que conseguem gerir a situação de perda de forma acertada, “mas, em caso de dificuldade, a ajuda especializada existe e deve ser opção”, como as consultas de comportamento animal, recomenda a médica-veterinária Teresa Ribas.
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