Psicóloga especializada em luto orienta como lidar com a perda de um pet

Por Matheus Chaparini para Correio do Povo

 

Para Socorro Lima, sofrimento pela morte de animal de estimação é semelhante ao luto por um humano e deve ser respeitado

Os animais de estimação são cada vez mais parte das famílias. Uma série de mudanças sociais e comportamentais, como a redução da quantidade de filhos por casal e o crescimento de casais que optam por não gerar crianças, alteram também a forma como nos relacionamos com os bichinhos.

E, se cães, gatos e outros animais, tornam-se parte de nossas vidas, quando eles morrem, a gente sofre. Esse sofrimento pela perda de um pet ainda é minimizado e pouco compreendido por muitas pessoas, mas ele é real para quem sente.

A psicóloga Socorro Lima, atua desde 2014 com o luto pela perda de animais de estimação. Ela se deu conta da necessidade deste acolhimento profissional especializado ao fazer um trabalho voluntário em um hospital veterinário de Brasília, voltado às equipes.

“Nas equipes técnicas, todos são preparados para salvar vidas. E a perda é como se você identificasse uma incapacidade do profissional. Eu estava fazendo esse trabalho quando nos deparamos com um tutor que entrou em desespero porque o cachorrinho tinha falecido e eu fui acolher. Eu vi como é importante a gente conversar sobre essa impermanência, porque a vida é uma impermanência”, conta.

Socorro explica que o processo do luto pela perda de um animal de estimação é muito semelhante ao luto que vivenciamos pela morte de um familiar ou pessoa próxima.

“A minha formação é em luto humano e, se a gente for comparar, é muito igual. Esse luto é tão sentido quanto a perda de um ser humano, pelo vínculo que foi criado ao longo do tempo.”

A psicóloga atende o grupo Ninar, que promove encontros virtuais para escuta e acolhimento de tutores enlutados.

“Nessas etapas, a gente consegue ver muito da culpa, da raiva. Depois, uma apatia, uma tristeza, uma vontade de não querer reagir. Depois a gente consegue sair dessa vala e ir voltando a uma pseudonormalidade, onde entende que tem que continuar e daí para a frente a pode trabalhar o ressignificar.”

Socorro destaca ainda a importância de buscar apoio terapêutico profissional e espaços de acolhimento que ajudem a lidar com o processo do luto. “Ter um apoio terapêutico é muito importante e, para os psicólogos, é importante ter uma escuta amorosa, de respeito, e não minimizar o fato de ser um animal de estimação. É um ser que, para aquela pessoa, é extremamente importante. E a pessoa vai viver o luto dela dentro do tempo que precisar. Também é importante buscar grupos de apoio.”

Grupo de acolhimento já auxiliou mais de 800 pessoas

Criado em 2017, o grupo Ninar promove séries de encontros virtuais para escuta e acolhimento de tutores. A iniciativa foi criada pela jornalista Kadydja Albuquerque, após a perda de sua gata, Nina, que teve um câncer gastrointestinal.

“Eu fiquei durante um mês vivendo o luto de uma forma muito intensa. Até que um dia eu pensei que eu precisava ressignificar esse luto e decidi que eu queria tentar ajudar outras pessoas que estavam passando pelo mesmo processo que eu. Ela faleceu em junho e a primeira ação do Ninar foi em agosto. ”

Cada turma passa por quatro encontros virtuais ao longo de um mês. O Ninar pede uma contribuição simbólica, de R$ 35 para os quatro encontros. O valor é destinado a ONGs e protetores indicados pelo próprio participante.

A 8ª turma do Ninar está com inscrições abertas e começa no dia 13 de março. São quatro reuniões de 1 hora e meia cada, em ambiente virtual. Mais informações na página do Ninar no Instagram: @gruponinarpet.

 

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