A corrida ajudou Juliana Quintino a superar momentos difíceis e uniu ainda mais a sua família

Por Treinus

 

Quando um familiar recebe o diagnóstico de câncer, o choque e angústia não são apenas do paciente, mas se estende também à família. A advogada Juliana Quintino se viu diante dessa situação duas vezes em um intervalo muito curto de tempo.

A mãe e a sogra foram acometidas pela doença e ela viu sua saúde mental ser severamente abalada diante de um cenário tão difícil. “Estava em depressão após minha mãe falecer, aos 55 anos, vítima de câncer. Não sabia como lidar com meu luto, nem com o dos meus filhos (na época 13, 8 e 4 anos). Na semana em que a minha mãe faleceu, minha sogra também recebeu o diagnóstico de câncer. Então, teríamos mais um calvário pela frente. Minha prima, que sempre elogiei por correr, me chamou para participar de uma prova de corrida de 5 km, pois ela havia se recuperado de uma depressão com a ajuda da corrida. Eu nunca havia corrido 1 km direto e no final de semana seguinte já estava participando de uma prova de 7 km. Cruzar aquela linha de chegada mudou minha vida.”, revela Juliana.

A corrida permite renascer

A atleta Juliana Quintino define a corrida como um ponto de mudança. O incentivo da prima fez com que ela pudesse dar um novo sentido a sua vida através da prática esportiva. “Deixei para trás uma Juliana sedentária, desanimada, deprimida, reclamona, sem brilho, desesperançosa, com sobrepeso (74kg/1,60 altura) para dar lugar a uma Juliana ativa, sorridente, desafiadora, esperançosa, motivadora, agradecida, forte, que não se impõe mais limites e mais em forma. Hoje, estou com 64 kg, sei que ainda não é o peso ideal, mas sei que chegarei lá.”, conta entusiasmada.

 

Logo após participar das duas primeiras provas, a corredora procurou a orientação de uma assessoria esportiva. Afinal, ela não tinha o conhecimento técnico necessário para evoluir de forma segura e eficiente. “Sou uma pessoa procrastinadora, então a assessoria me ajudou a não desistir, pois tinha o compromisso com a equipe de realizar o treino. Isso me ajuda a manter os treinos em dia. Além de ver a evolução na prática. Por exemplo, a Meia Maratona de Pomerode, que foi a minha primeira meia, em 2021, eu fiz em 1h56min, já este ano, nessa mesma prova, eu concluí em 1h40min.”, relata Juliana.

A fórmula do sucesso para múltiplos papéis

Organização e planejamento são as palavras-chave para que Juliana Quintino consiga dar conta dos inúmeros papéis que ela desempenha diariamente. “Sou professora, advogada, mãe de três e dona de casa, então a rotina é bem corrida. Durante a semana, despertador às 6h, para organizar as filhas para a escola e sair para treinar às 6h30. Volto do treino às 7h30, durante a manhã cuido do caçula, dos meus prazos de advogada, da casa e do almoço. Meio-dia, marido e filhos em casa para o almoço, e saímos às 12h45 para trabalhar (ministro aulas de Português) e levar o caçula na creche. Às 18h todos em casa: hora de fazer as tarefas, jantar, banho e cama.”, compartilha ela.

A essa altura, você deve estar se perguntando em que momento do dia ela treina. A atleta não apenas treina quatro vezes por semana (terça, quinta, sábado e domingo) como também tem a família ao seu lado nos finais de semana. “Para conciliar, durante a semana treino cedinho pra não atrapalhar a rotina da família. Nos finais de semana, trago a família para os treinos. Os filhos correm nos treinos mais curtos ou vão de bicicleta nos mais longos.”, explica a corredora.

Seu nome é Juliana, mas poderia ser superação

“Corri minha primeira Maratona em agosto de 2022 na cidade de Florianópolis, quatro dias após o falecimento da minha sogra. Naquela semana que antecedeu a prova, eu achava que não faria mais, mas meu marido fez questão que eu a fizesse e me acompanhou. O sonho era fazer um sub-4. Infelizmente, o tempo não ajudou, ventava demais, depois choveu, o sol apareceu, mas ainda tinha muito vento, fechei em 4h06min. No dia 20 de novembro, vou fazer a maratona de Curitiba, dizem que é uma das mais difíceis por ter bastante elevação, mas vou buscar o sub-4. Para alcançá-lo, muito treino e tenho tentado manter uma alimentação saudável.”, afirma Juliana. Ela conta que um dos segredos para manter o ritmo de treinos é realizar uma prova por mês.

É claro que nem todo dia é bom e há momentos em que falta motivação ou disposição para treinar, mas a corredora põe em prática sua estratégia para driblar esses momentos. “Compartilho meus objetivos com toda a família e amigos, aí sei que preciso fazer porque eles vão cobrar depois. Quando desanimo lembro de como era antes de eu começar a correr e tento manter em mente. Depois que começa o treino a felicidade vem acompanhada de todo aquele sentimento de superação e força que a corrida traz. ‘Você nunca se arrependerá de ter ido’ é a frase mais verdadeira que existe! Olhar as conquistas que fiz também me ajuda, em 21 provas realizadas até hoje, 12 troféus enfeitam a estante da sala. Eles são o orgulho dos meus filhos, que mostram para todos que vêm aqui em casa as conquistas da mãe deles. Isso me deixa muito motivada, ver o orgulho deles e ver eles também quererem conquistar o deles (e já conquistaram)! Ser exemplo nos faz levantar e realizar.”, fala ela.

Na busca por inspiração, a corredora também é inspiradora

A corrida já proporcionou alguns momentos que estão registrados na memória de Juliana Quintino. “A primeira linha de chegada a gente nunca esquece, né? A linha de chegada dos primeiros 5 km, dos 7 km, dos 10 km, 21 km, pois todos são momentos de superação e autoconhecimento. E ter a família ali te esperando e comemorando é inexplicável. Mas a chegada da Maratona, foi um momento de glória, de renascimento! Nos treinos havia corrido no máximo 30 km, então dos 30 km aos 42 km foi uma caixinha de surpresas. E o tempo foi protagonista da Maratona Internacional de Florianópolis 2022 (ventos muito fortes na Ilha), então consegui concluir (e num tempo não muito fora do planejado). Foi um sonho!”, diz Juliana.

A corredora, que começou a se exercitar inspirada pela prima, tem uma história de vida inspiradora e para seguir em frente encontra inspiração em outras mulheres que como ela exercem seus múltiplos papéis na sociedade com tanto amor e dedicação. “Me inspiro em atletas amadoras que são mães, trabalham (não vivem de corrida), cuidam da casa, marido, fazem muito com o pouco tempo que tem para se dedicarem e não são blogueiras, mas compartilham suas jornadas.”, conclui a atleta.

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A corrida ajudou Juliana Quintino a superar momentos difíceis e uniu ainda mais a sua família

 

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