Amor além da vida: Filhos sentem a presença e tentam amenizar a saudade das mães, que já faleceram

Por Marina Caixeta

Para G1

Apesar de todo o avanço da humanidade, da ciência, dos estudos acerca de tudo neste mundo, algumas coisas são simplesmente inexplicáveis, como por exemplo, o que acontece após a morte. É possível que o amor de uma mãe continue existindo mesmo após ela partir? Há quem diga que sim. 

Elisvanda Maria era extremamente dedicada e carinhosa com os filhos. Há sete anos, faleceu em decorrência de um câncer. Mas a empresária Jéssica Lainy, filha, afirma que ela não se foi realmente.“Em vida, minha mãe não economizava em carinho. Quando acordávamos de manhã e íamos escovar os dentes, encontrávamos recadinhos de batom no espelho com um “Mamãe te ama, fica com Deus”. Quando chegávamos da escola, os nossos quartos estavam repletos de bilhetinhos. E, sabendo que a doença se agravava e prevendo que iria morrer, ela não fez diferente. Deixou várias escritos por todo lugar e eu sempre os acho em momentos que, de fato, estou precisando”, afirma. E em todas as vezes que isso acontece, Jéssica se sente ajudada e confortada. “Eu me lembro de uma época em que parte da minha família estava em crise e, um dia, abri a bíblia que ela me deu antes de falecer e tinha um bilhete falando exatamente sobre isso. Ela citava o nome de cada um dos envolvidos e aconselhava. Foi um susto muito grande, eu quase não acreditei. Fui na mesma hora na casa dos meus parentes e mostrei a cartinha. Depois disso, a minha família mudou muito”, relata.

 

 

E a presença não se dá apenas em forma de bilhetes. “Eu e meu irmão sonhamos muito com ela. Em alguns sonhos, eu estou ciente de que ela não está mais aqui e peço que ela volte. E carinhosamente ela diz ‘Filha, fica tranquila, mamãe está olhando por vocês e estou bem. Está tudo bem’. Ela me abraça e eu posso sentir fisicamente o abraço dela, tão apertado, é difícil até de explicar. Então, eu acordo chorando muito, ainda sentindo que ela está por perto. Ela já pediu ao meu irmão em sonho, que ele fosse à casa da nossa avó e nesse exato momento, ele acordou com o som da campainha que a nossa mãe tocava do quarto quando queria avisar que estava sentindo dor. Ele foi correndo até a casa da vovó e ela, que era idosa e debilitada, tinha caído da cama e não conseguia se levantar. Muitas pessoas não acreditam, mas eu acho sim que é uma forma que Deus permitiu dela continuar conosco, nos ajudando”, declara.

As memórias também são um meio de tê-la por perto. “Das várias lembranças fortes guardo, duas se destacam: uma foi poucos dias antes de morrer, ela já havia abandonado o hospital e foi para casa esperar a hora. De manhã, ela deitou comigo na cama e começou a cantar uma música para mim. Eu fechava os olhos e ouvia e na hora que ela terminava eu pedia para que ela cantasse novamente. Ela cantava de novo e eu pedia para ela repetir. E assim foi por vários minutos. Eu queria guardar aquele momento dentro do meu coração pra não esquecer nunca, era um desespero muito grande. É inexplicável estar com a sua mãe sabendo que ela vai morrer. A outra lembrança é do último dia de vida, eu havia passado a noite toda no hospital com ela. Em um determinado momento ela acordou, pediu para segurar a minha mão e eu perguntei se estava sentindo dor ou precisava de alguma coisa. E ela disse a última frase antes de entrar em coma e falecer: “Não, não estou sentindo mais dor. Quero te falar uma coisa: Deus ainda vai te abençoar muito nessa vida”. Foram as melhores palavras que já ouvi, apesar se ser a pior lembrança”, conta. 

 

Diferente de Jéssica, a jornalista Karol Mascarenhas não era tão ligada à mãe, Cleusa Mascarenhas, já que foi criada pelos avós. Mas, cuidou e aproximou-se dela durante a enfermidade e ficou ao seu lado nos últimos momentos. Cleusa deixou algumas lembranças materiais, mas, o mais importante que ficou dela, foram os exemplos e o jeito de ser. “Minha mãe sempre foi muito independente, não pedia nada pra ninguém. Sempre resolvia tudo sozinha, às vezes era meio seca comigo.

Quando criança, eu me questionava muito do porquê de não morar com ela. Então, descobrimos o câncer e passei a entender muita coisa. Aproximamo-nos muito. Parei de trabalhar e fiquei por conta de cuidar dela. Parece que foi um tempo que tive de despedida e aceitação. Eu cuidei das feridas mais difíceis e, no fim, eu a carregava no colo como um bebê. Foi terrível, mas, pude ter esse momento de aproximação. Hoje vejo em mim muito dela e sempre que estou com muita saudade, eu durmo com um vestido e meias até o joelho que eram dela. Meu travesseiro ela quem fez e durmo sempre com ele. No dia do enterro, recebi uma coruja que ela fez enquanto estava no hospital. Com certeza, vai ficar para os meus filhos”, diz.

 

Quem é mãe sabe. O amor pelos filhos é muito grande e intenso, é inexplicável. Sendo assim, porque ele não seria capaz de perdurar por tempos e vidas? É como se fosse um som contínuo, ecoando, por muito tempo, deixando viva a presença, o carinho e a essência de quem se foi.

Confira a matéria original e imagens dos relatos aqui.

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