Blobby – uma reflexão sobre a solidão na velhice

Por Revista Prosa Verso e Arte

 

Envelhecer
Antes, todos os caminhos iam.
Agora todos os caminhos vêm.
A casa é acolhedora, os livros poucos.
E eu mesmo preparo o chá para os fantasmas.
– Mario Quintana, em ‘Sapato Florido’, 1948.

“Atenção e carinho estão para a alegria da alma, como o ar que respiramos está para a saúde do corpo. Nestas últimas décadas surgiu uma geração de pais sem filhos presentes, por força de uma cultura de independência e autonomia levada ao extremo, que tem um impacto negativo no modo de vida de toda a família.”
– Ana Fraiman, em “Idosos órfãos de filhos vivos – os novos desvalidos“, abril de 2016.

Animação: Blobby
Sinopse: Blobby um curta-metragem da cineasta canadense Laura Stewart, que teve a sensibilidade de traduzir toda a melancolia e o sofrimento experimentados pelos idosos solitários de hoje.
Direção: Laura Stewart
Trilha musical: Quinn Brander
País: Québec-Canada
Ano/duração: 2014 | 2 min.

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A Velhice pede desculpas
Tão velho estou como árvore no inverno,
vulcão sufocado, pássaro sonolento.
Tão velho estou, de pálpebras baixas,
acostumado apenas ao som das músicas,
à forma das letras.

Fere-me a luz das lâmpadas, o grito frenético
dos provisórios dias do mundo:
Mas há um sol eterno, eterno e brando
e uma voz que não me canso, muito longe, de ouvir.

Desculpai-me esta face, que se fez resignada:
já não é a minha, mas a do tempo,
com seus muitos episódios.

Desculpai-me não ser bem eu:
mas um fantasma de tudo.
Recebereis em mim muitos mil anos, é certo,
com suas sombras, porém, suas intermináveis sombras.

Desculpai-me viver ainda:
que os destroços, mesmo os da maior glória,
são na verdade só destroços, destroços.
– Cecília Meireles, em ‘Poemas’ (1958)

Se desejar conferir essa publicação original, clique no link abaixo.

Blobby – uma reflexão sobre a solidão na velhice

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