Cães ficam de luto por companheiros? Estudo indica que é possível

Por Luciana Penante para Tecmundo

Que os cães são os melhores amigos do homem, todos concordam. Mas será que eles são os melhores amigos de outros cães também? Um estudo realizado com 426 cães domésticos e seus tutores na Itália, publicado na Nature Scientific Reports, indicou que mudanças comportamentais e emocionais exibidas por cães após a morte de outro pet da mesma residência podem sim ser indicativos de luto.

Há pouquíssimo material científico que relate a situação em cães domésticos. Mas o comportamento de luto já foi verificado em diversas espécies de animais, como primatas, pássaros e elefantes.

Estudando o luto em cães domésticos

A pesquisadora Federica Pirrone e seus colegas enviaram questionários a adultos cujo cachorro de estimação havia morrido enquanto eles também possuíam ao menos um outro cão. Entre os entrevistados, 66% perderam um cão mais de um ano antes do estudo. Todos responderam sobre mudanças no comportamento do cão sobrevivente após a morte do companheiro. Os proprietários também descreveram a relação anterior à morte entre os cães e seus próprios níveis de angústia após o luto.

O estudo afirma, no entanto, que os donos de cães podem ter uma “tendência a relatar em excesso as emoções caninas de luto, o que pode levá-los a inflar as reações dos cães como reflexo de seu próprio luto relacionado à perda do animal de estimação”. Por isso, a equipe buscou considerar e cruzar os relatos dos donos sobre eles mesmos e seus cães, para avaliar o risco de respostas tendenciosas.

Principais resultados

Os pesquisadores descobriram que um relacionamento amigável do cão com o animal falecido e ter um tutor de luto fez com que mudanças comportamentais negativas e medo fossem mais prováveis nos cães sobreviventes. Isso sugere que as mudanças comportamentais e emocionais negativas observadas nos cães sobreviventes possam ocorrer devido a uma reação semelhante ao luto, ou uma reação ao luto de seus tutores.

86% dos tutores observaram mudanças negativas no comportamento do cão sobrevivente após a morte do outro cachorro, 25% deles durando mais de seis meses. Entre as principais mudanças comportamentais foram citadas maior busca por atenção (67%), menos vontade de brincar (57%), e menores níveis de atividade (46%). 35% dos donos relataram que o cão sobrevivente dormiu mais e ficou com mais medo, 32% comeram menos e 30% passaram a lamentar ou latir mais.

Como conclusão, os autores afirmaram que as respostas de luto entre cães são potencialmente um grande problema de bem-estar animal que tem sido negligenciado.

 

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