Dia da Saudade: o que nos faz falta?
Por Daniel Napoli para Jornal Periscópio
O dia 30 de janeiro no Brasil é marcado como o Dia da Saudade, data que serve para recordar memórias, seja de pessoas que já partiram ou de momentos bons de diferentes períodos de nossas vidas. No atual período de pandemia vivido, a palavra saudade é propagada com frequência, seja pela falta de um beijo, um abraço ou da presença de pessoas queridas.
Nesta semana, o Periscópio conversou com a psicóloga Dra. Laila Soares de Almeida, de 29 anos, que comentou a respeita da saudade. “A palavra saudade vem do latim solitas, cujo significado é solidão. No dicionário Aurélio, sua definição é: Lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las; nostalgia”, define a profissional.
“Saudade é um sentimento que tem relação com tudo que já foi bom e que agora está ausente, e pode ser percebida juntamente com algumas emoções, por isso, às vezes, sesente saudade e logo a sensação de felicidade, ou de acalanto como se estivesse sendo abraçado, ou então tristeza profunda, ansiedade, raiva”, explica.
Dra. Laila reforça que existem estudos que mostram até que a saudade funciona como resposta psicológica, agindo como um mecanismo importante para impulsionar a busca por sentido na vida e conexão com o passado, ajudando no autoconhecimento.
“A saudade é uma pessoa querida que se foi, um lugar, um cheiro, um estado emocional, algo que você viveu, uma risada, um animal, um sabor”, resume a profissional, que destaca ainda que, com a pandemia de Covid-19, a saudade foi acentuada. “Ainda não se pode abraçar quem se gosta, reunir amigos e familiares, viajar e para algumas pessoas o trabalho está sendo feito de maneira remota”.
“Além das saudades particulares de cada um, os vínculos diários foram de certa forma rompidos. Para lidar com esse sentimento, já tão complexo, nesse momento de isolamento social é interessante manter o contato com as pessoas das quais se sente falta, seja por ligação ou videochamadas”, orienta.
A psicóloga aborda ainda a importância de se vivenciar as emoções que aparecem junto com a saudade. “Por exemplo, se sentir tristeza e vontade de chorar, chore. Se sentir felicidade, viva essa emoção, de risada, relembre os momentos bons. Se sentir raiva, a direcione, a entenda, a valide e em todos os casos libere esses sentimentos”, prossegue.
A profissional ainda acrescenta a importância de manter o corpo em movimento, se exercitando, se for possível, pois o exercício físico “regula níveis de serotonina e dopamina no cérebro, transmissores conhecidos como hormônios da felicidade. Dedique tempo a coisas prazerosas”.
“E na dificuldade de lidar com a intensidade das emoções relacionadas à saudade, não se culpe, todos em algum momento da vida, sentem dificuldade em lidar com algum sentimento ou emoção, procure um profissional.E lembre-se que sentir saudade de alguém ou alguma coisa, quer dizer que você tem algo bom para se lembrar, e isso, por si só já é incrível”, orienta.
Chega de saudade…
O JP também conversou com outras quatro pessoas de diferentes áreas para saber suas opiniões sobre o que sentem mais falta neste período de pandemia. “Quando penso na palavra saudade, sinto alegria, gratidão. São esses os sentimentos, pois a palavra saudade não tem tradução, muito menos explicação. Só tem sentido para quem sentiu”, comenta a atriz e cantora Débora Nunes, de 50 anos.
“Só tem esse sentimento quem amou e eu amei muito. Só tem esse sentimento quem foi feliz e eu fui, sou e sempre serei”, acrescenta Débora, que diz sentir falta neste período de pandemia de se apresentar “em shows lotados com energia de plateia”.
Já para o militar Airton Parigini, de 52 anos, saudade é “um sentimento nostálgico causado pela ausência de algo, de alguém, de um lugar ou pela vontade de reviver experiência, situações ou momentos já passados”.
Airton acrescenta. “Nesse trágico período em que vivemos, assolado por essa pandemia, que afeta todo o planeta e nos obriga a restringir muitas coisas, a saudade mais evidenciada, ainda, são de nossos entes queridos e amigos que nos deixaram e seguiram para o outro plano, mas também o distanciamento de familiares e amigos de nossa convivência diária, nos deixa com muita saudade do ‘normal’”.
A jornalista Beatriz Pires, de 23 anos, comenta que existem vários tipos de saudade, mas para ela saudade é, principalmente, “a memória de momentos bons e felizes”. Beatriz cita ainda que, durante a quarentena, o que mais tem sentido é saudade, “desde não ter que usar máscara até sair com tranquilidade para qualquer lugar, interagir com as pessoas, estar junto e abraçar quem eu amo”.
Porém, a jovem acredita que, no período, o sentimento seja de reflexão. “A saudade nos ensina a valorizar o que vivemos e, com certeza, eu vou passar a aproveitar melhor cada momento da minha vida”.
Já para o gerente Luiz Gustavo Francischinelli, 32 anos, saudade é “lembrar de como os dias podem ser bons, e saber que esses dias bons vão voltar, mesmo que de uma maneira diferente”. “Sinto muita falta de poder passear com minha família, principalmente ver minha filha brincando tranquila nos ‘brinquedões de shopping’ que ela tanto gosta”, conclui
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