Entenda como o luto impacta na saúde mental das idosas

Por Raphael Lucca para Segs.com.br

 

Muitas famílias perderam entes queridos com a pandemia. Principais vítimas desta situação, as viúvas precisam de uma atenção especial com a saúde mental. Neuropsicóloga alerta que isso pode trazer sérios problemas se não for devidamente tratado.

Recentemente, o Brasil acompanhou o falecimento do ator Tarcísio Meira. Dentre as diversas mensagens nas redes sociais e notícias sobre sua vida e carreira, o que mais chamou a atenção foram as declarações de amor entre ele e sua esposa, Glória Menezes. Agora, ela é mais uma entre tantas mulheres no Brasil que se tornaram viúvas. Para se ter ideia, as pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam que a expectativa de vida das mulheres é mais alta do que dos homens. Os números mais recentes da entidade revelam que os homens brasileiros vivem em média 73,1 anos, enquanto as mulheres vivem 80,1 anos.

Para a neuropsicóloga Leninha Wagner, a viuvez é um fenômeno que, como visto, afeta principalmente as mulheres idosas; “uma das explicações para este fato consiste na longevidade comparativamente superior ao do gênero masculino. No entanto, a perda de um familiar provoca sentimentos de pesar e tristeza e diversas mudanças na vida das pessoas, obrigando-as a enfrentar uma transição de identidade, assim como a perda de status e de independência socioeconômica”. Portanto, é imprescindível compreender o processo de luto e as estratégias de enfrentamento para sua elaboração.

Além disso, Leninha destaca que a viuvez provoca grandes transformações na vida das pessoas e as obriga a inventar uma nova forma de viver. “Atualmente, muitas mulheres viúvas perdem os papéis de esposas e donas de casa, pois não é mais esperado que elas exerçam atividades relacionadas aos papéis anteriores. Dessa forma, surgem dificuldades devido à sua perda de identidade e a inexistência de um papel importante que elas possam desempenhar” Neste sentido, o que muitas mulheres nesta condição fazem, conta Leninha, “é buscar uma rede de suporte social em centros de convivência e programas voltados à população idosa; e até a tentativa de um novo arranjo familiar, com uma maneira diferente de se relacionar”.

As fases do luto

Leninha Wagner explica que o luto vivido pelas viúvas atravessa quatro fases:

1) Fase de entorpecimento. “Dura de algumas horas a uma semana e a maioria das pessoas sente-se chocada e não aceita a perda. Os sentimentos predominantes nesta etapa são: a raiva, a tensão e a apreensão”.

2) Fase de anseio e busca pela figura perdida. “Pode se manter por alguns meses e por vezes anos após o falecimento do cônjuge. A pessoa viúva começa a vivenciar a realidade da perda. Nesta etapa são frequentes o desânimo intenso, aflição e choros; ao mesmo tempo podem surgir inquietação, explosões de raiva, insônia, lembranças do marido perdido e tendência a achar que o cônjuge voltou”.

3) Fase de desorganização e desespero. “A pessoa tenta se ajustar à perda do cônjuge”.

4) Fase de maior ou menor grau de reorganização. “Se o luto tiver um resultado favorável, a pessoa conseguirá aceitar que a perda do companheiro é permanente e que é o momento de reconstruir sua vida”.

Todavia, a neuropsicóloga observa que “algumas viúvas apresentam uma forma de evolução desfavorável do luto e a pessoa enlutada pode sentir uma vontade constante de imitar a pessoa perdida (entretanto estes atos são inconscientes); pode desenvolver sintomas da enfermidade final do indivíduo que faleceu ou localizá-lo dentro de outras pessoas, animais e objetos”, completa.

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