Escolas de Bauru lançam alerta contra o ‘desafio da rasteira’

Por Marcele Tonelli Para JCNet

Vídeos que mostram brincadeira mortal viralizam e acendem preocupação; estabelecimentos de ensino fazem ações preventivas

Uma “brincadeira” perigosa e que teve vídeos viralizados em todo o País nos últimos dias acendeu alerta em escolas de Bauru. Ao menos quatro colégios particulares da cidade já lançaram orientações sobre o chamado “desafio da rasteira”. E têm realizado ações junto aos estudantes e também aos pais e responsáveis como forma de prevenir que casos aconteçam dentro ou fora das unidades de ensino. O tal desafio ocorre em trios e a pessoa posicionada ao meio não sabe que será derrubada. Os outros dois participantes localizados nas pontas incentivam a vítima a pular o mais alto que puder. E, assim que isso acontece, as duas pessoas da ponta chutam os pés de quem está no meio ainda no ar, fazendo com que ela caia de costas e de cabeça para trás sofrendo forte impacto. Os vídeos que viralizaram nas redes sociais mostram jovens caindo violentamente. Alguns parecem ficar desacordados após o golpe.

Os riscos de grave traumatismo craniano, trauma de coluna e até de morte são altos, porque a pessoa não espera cair e os sentidos protetores naturais e que amorteceriam uma possível queda ficam prejudicados. Em novembro de 2019, na cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, uma garota de 16 anos participou de uma brincadeira parecida e morreu com traumatismo craniano.

O golpe pode ainda causar fraturas e lesões ligamentares na coluna cervical. Em entrevista ao Portal UOL, o médico do Hospital Sírio Libanês André Evaristo, que é ortopedista especializado em coluna, alerta que as lesões podem provocar quadro de dor crônica, hérnia de disco traumática e até fraturas com lesão medular parcial ou completa, o que acarretaria na perda permanente e definitiva de movimentos.

REPERCUSSÃO

Em razão da repercussão sobre a gravidade da “brincadeira”, que tem sido replicada em locais diversos no Brasil, várias escolas da cidade decidiram se antecipar e apostar em prevenção.

O Anglo Bauru, por exemplo, tem orientado seus alunos do Ensino Fundamental ao Médio, embora a escola não tenha flagrado o desafio. Diretor geral, André Cola explica que houve repercussão do assunto entre os professores e que o colégio, de forma preventiva, incentivou uma professora a promover debates com as turmas durante as aulas. Além disso, uma ação contínua será realizada dentro do programa socioemocional do colégio. “Percebemos que é uma brincadeira que acaba tangenciando a questão do bullying. E a rasteira ultrapassa qualquer limite”, cita o educador.

No Instituto de Ensino D’Incao, o alerta já foi feito para algumas turmas dos ensinos Fundamental e Médio e uma ação de sala em sala será realizada pela psicóloga da unidade. O assunto, inclusive, virou uma das pautas da reunião de pais realizada na noite desta quarta-feira (12), embora o colégio também não tenha registrado casos envolvendo o desafio. “É importante que os pais nos ajudem em casa com esse trabalho de prevenção e monitoramento. É uma brincadeira estúpida e perigosa, como várias outras que também já surgiram e viralizaram”, comenta a educadora e diretora do colégio Vera Casério.

Orientações quanto ao perigo que envolve o desafio também foram amplamente difundidas aos alunos dos ensinos Fundamental e Médio do colégio Rembrandt COC Bauru. “Temos perguntado nas salas e raro é o aluno que não viu os vídeos do desafio. Chamamos a atenção de todos para os riscos e iremos propagar o alerta também em um informativo semanal que enviamos aos pais”, comenta o diretor pedagógico João Alfredo Carrara.

Na escola Dom Bosco, alunos também recebem o alerta e a diretora da escola Márcia Regina Gonzalez diz que irá repassar aviso sobre o desafio aos pais, em listas de transmissão via rede social. “Amanhã (hoje) mesmo mandaremos o comunicado. Parece inofensivo, mas é algo mortal. Nunca tivemos nada parecido no colégio, mas pode acontecer em casa. E os adolescentes, principalmente, são bem vulneráveis. Os pais precisam estar atentos”, observa Márcia.

Traumas, lesões e morte

Inúmeras sãos as consequências do que, em um primeiro momento, pode ser encarado como uma brincadeira inofensiva. Além do traumatistmo, há risco de hemorragia intracraniana, que pode não ser percebida de forma imediata, mas que facilmente leva a pessoa a alterações que podem resultar em morte.

O golpe pode ainda causar fraturas e lesões ligamentares na coluna cervical. Em entrevista ao Portal UOL, o médico do Hospital Sírio Libanês André Evaristo, que é ortopedista especializado em coluna, alerta que as lesões podem ter como consequência quadro de dor crônica, hérnia de disco traumática e até fraturas com lesão medular parcial ou completa, o que acarretaria na perda permanente e definitiva de movimentos.

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