Indicação: livros para refletir sobre a morte e o luto

Por Sesc Santa Catarina

A morte segue como um dos maiores mistérios da vida, sendo assim, é inevitável nos questionarmos o porquê de termos que nos despedir de alguém que amamos, ou mesmo temer a nossa própria partida. Há, no entanto, milhões de possibilidades de lidarmos e refletirmos a morte não apenas como um momento unicamente de dor.

Como convite a estimular e expandir essa reflexão, a equipe da Rede de Bibliotecas Sesc Santa Catarina separou uma lista de livros voltados para crianças, jovens e adultos, que nos ajudam a dimensionar a complexidade da perda de entes queridos e encontrar na literatura caminhos para lidar com o luto.

Pela leitura literária, o assunto em questão pode ser tratado de forma mais simbólica, mesmo que a história não seja igual à vivida pelo leitor, há traços presentes no universo ficcional, que contribui para o entendimento de situações já experienciadas ou que ainda podem ser vivenciadas.

Público: Infantil

O passeio – Pablo Lugones

O empurrãozinho de um pai faz uma menina superar o medo de andar de bicicleta sem rodinhas, e dá início a um passeio singular. Durante um longo trajeto, a filha revela as sensações e emoções que vive em cada momento na companhia de seu pai, e estas a fazem perceber como de uma hora para outra tudo pode mudar. Aborda perspectiva do tempo, a perda e como a vida continua.

 

O pato, a morte e a tulipa – Wolf Erlbruch

Recebeu o Prêmio Hans Christian Andersen. O pato a morte e a tulipa questiona “para onde vamos” por meio de uma amizade incomum. Se dizem que a morte nunca atrasa, o autor nos mostra que, ao conhecer e se encantar com um pato, ela perde a noção do tempo e até desfruta um pouquinho da vida. O pato a ensina a mergulhar no lago, subir em árvores e tirar uma soneca. E onde a tulipa entra nesta história? A resposta cabe ao leitor.

 

Para onde vamos quando desaparecemos? – Isabel Martins e Madalena Matoso

Já parou para pensar aonde vão as meias sem par? A areia da praia levada pelo vento? E o barulho, quando tudo fica em silêncio? Esses são alguns dos mistérios que a vida distribui aos montes, e a verdade é que a algumas perguntas nem mesmo os adultos conseguem responder com certeza. A partir de uma série de questionamentos, somos levados a refletir sobre a finitude da vida, sobre o tempo e, claro, sobre o aparecer e o desaparecer.

 

Mas por quê??! A história de Elvis – Peter Schössow

Esse livro trata sobre a revolta e a indignação típicas trazidas pela morte. Na história, uma menina não se conforma com a perda de Elvis, seu passarinho de estimação. Ali, dentro da sua bolsa de couro vermelha, está seu canarinho amarelo e resta à menina apenas reviver, a partir das suas lembranças, os bons momentos ao lado de Elvis, descobrindo, então, que é essa a chave para sofrer menos.

Harvey – Como me tornei invisível – Luciano Vieira Machado

Harvey vê sua vida virar de cabeça para baixo quando toma conhecimento da morte do pai. Invadido por um sentimento desconhecido e desolador, Harvey tenta proteger-se da dor, refugiando-se em seu rico mundo de fantasia. Uma sensível e realista narrativa sobre a perda de um ente querido e a necessidade de encontrar recursos pessoais para superar a dor do luto.

O urso e o gato-montês – Kazumi Yumoto e Komako Sakai

O livro começa com o urso refletindo sobre a aparente monotonia da sua vida e, repentinamente, ele acaba perdendo o seu melhor amigo. Desolado, o urso tem de aprender a conviver com a ausência, driblando a falta que seu companheiro faz. Mas o urso é novamente surpreendido pelo destino. O gato-montês aparece em sua vida e lhe mostra novos caminhos, novas possibilidades, outras alegrias.

Um fio de esperança – Marjolijn Hof

Pai de Lili partiu, em missão humanitária, para um país em guerra. A menina teme pela vida do pai e, para aumentar as chances de que ele volte com vida, inventa estratagemas de que participam seu ratinho Lulu e sua cachorra Mona. Mas os dias passam e o pai não manda notícias. A autora constrói um retrato notável de uma menina confrontada com a agonia da espera e mostra que a vida sempre envolve uma dose de risco.

É assim – Paloma Valdivia

De onde viemos e para onde vamos? Se desconhecemos o ponto de partida e de chegada, se nascer e morrer são apenas instantes, o que importa é desfrutar o presente e a companhia dos outros, saboreá-los o máximo possível, com leveza e alegria. Partindo da ideia de que as coisas têm dois lados, de que nem tudo é totalmente bom ou mau, e movida pelas perguntas difíceis sobre a vida, Paloma Valdivia cria histórias, orientadas antes de tudo pela emoção e pelo traço sensível.

Onde está você – Dulce Rangel

Esse livro é fruto de uma experiência de perda. Voltado para crianças, mas também para adultos, “Onde Está Você” trata de temas importantes e essencialmente humanos, como o luto e a saudade. Como lidar com a partida de alguém querido? Seja ele um amigo, pai, mãe, avó, irmão, filho, animal de estimação? Como encarar a solidão que vem depois que esse ser amado parte para não voltar?

Público: Juvenil

Ponte para Terabítia – Katherine Paterson

Na volta às aulas, Jess conhece uma aluna nova: Leslie. Os dois tornam-se grandes amigos e criam um reino imaginário, chamado Terabítia, onde estão protegidos das ameaças da vida cotidiana. Até que um dia, uma fatalidade os separa.

Quem é você, Alasca? – John Green

Miles Halter é um jovem que está em busca do significado da vida. Então, muda-se para uma nova escola, onde conhece Alasca Young, uma garota bonita e muito inteligente que o deixa completamente encantado. Por mais dramático que seja o desenrolar da história, podemos encontrar importantes lições a respeito de amor e amizade, o que pode ser bastante reconfortante para quem está passando por um momento delicado.

A menina que roubava livros – Markus Zusak

Narra a história de uma menina que encontra a morte três vezes durante a Segunda Guerra. Horas depois de ver seu irmão morrer no colo da mãe, Liesel precisa se adaptar ao convívio de uma nova família e cresce numa área pobre de Munique, onde ela encontrou nos livros a sede de conhecimento que deu-lhe um propósito e um novo sentido para sua existência. A Morte, perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa deste duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto.

Público: Adulto

Uma morte em família – James Rufus Agee

Livro premiado pelo Pulitzer, retrata o falecimento prematuro de um jovem de 36 anos. O enredo mostra como as tragédias repentinas impactam profundamente a vida dos familiares e como a união e força são indispensáveis para a superação.

A desumanização – Valter Hugo Mãe

A história de irmãs gêmeas que são separadas pela morte. É o luto que faz com que a família de Sigridur se desmorone aos poucos: seu pai, amante das palavras, deixa que seus livros sejam queimados; a mãe começa a definhar, cortar a si e à própria filha com as facas da cozinha, enlouquecendo com seus próprios monstros. É devido à fragilidade do luto que uma criança vira adulta demasiadamente rápido; é na curiosidade quase infantil diante do mundo adulto que as responsabilidades pesam, fazendo com que o fardo se desdobre em outros fardos, outros lutos.

O ano do pensamento mágico – Joan Didion

Joan Didion é uma escritora norte americana bastante aclamada nos Estados Unidos e em diversos outros países. Em “O Ano do Pensamento Mágico”, ela compartilha as experiências que viveu durante o período em que perdeu seu marido e teve que lidar com a doença da filha. Trata-se de uma história bastante tocante que mostra a forte ligação que tinha com a família e como conseguiu compreender o luto.

O peso do pássaro morto – Aline Bei

Quantas perdas cabem na vida de uma mulher? Em um texto poético, acompanhamos uma mulher que, dos 8 aos 52 tenta, com todas as forças, não coincidir apenas com a dor de que é feita. Apesar de se tratar de uma obra voltada ao público adulto, diz respeito diretamente à criança (a que fomos e as que fazem parte da nossa vida), e pode ser uma leitura fundamental para quem lida com crianças e adolescentes, principalmente pelo grau de importância que a história dá a tudo aquilo que acontece nos primeiros anos de vida – na narrativa, essa é a base de uma série de acontecimentos que – é essa a impressão que fica – poderiam ter sido evitados.

A anatomia de uma dor – Um Luto em Observação – C. S. Lewis

Lewis conseguiu expressar com extrema sinceridade em cada página a dor que estava sentindo ao perder sua esposa. Nele, é possível identificar as várias fases do luto e a confusão de emoções geradas por ele, o que inclui raiva, dúvida, questionamento da fé e, claro, uma intensa tristeza. Mesmo aqueles que não são religiosos como Lewis certamente irão se identificar com os seus relatos.