Livro de poesias ajuda a superar luto por doença

Por Redação para Site Sopa Cultural

Fluido, Mergulho marca a estreia de Debora Grion na literatura 

Cansaço extremo, apesar da boa quantidade de horas dormidas; ressecamento da pele e dos cabelos; e aumento de peso sem motivo aparente levaram a estudante de medicina Débora Grion, então com 21 anos, a desconfiar que houvesse algo errado com a sua saúde. A primeira reação foi ignorar, mas os sintomas evoluíram rapidamente e Débora decidiu buscar ajuda de especialista. Em um primeiro exame clínico, o tumor já era palpável; Ultrassons, exames de sangue e biópsia levaram ao diagnóstico de malignidade.

Entre os sentimentos que a acompanharam, angústia e medo. Mas, na contramão, veio a coragem de encarar os vários finais e externalizar a dor em poemas que deram origem ao livro Mergulho (Autografia), lançado recentemente.

Mergulho consegue ser leve, quase irônico, como se colocasse uma dobra por sobre a mesma página, elevando a narração ao quadrado. Débora Grion, nascida em Londrina, atualmente morando em Niterói, fala sobre o encontro com “fim” como se fosse com ela própria.

– Parece o fim, chega, mas ela ainda continua a aprontar. Acrescenta uma “errata”, apontando seus erros de interpretação: na verdade, “você morreu bem antes de ele se ir / você renasceu quando ele se foi”. E, arremata numa segunda errata , sem dar espaço para um exagero retumbante, lembrando que, na verdade, ela estava morta “antes de ele chegar”.

Ela conta que o livro não é autobiográfico, mas uma consequência do que viveu: a morte e o renascimento que ela pôde catalisar. Segundo Débora, escrever pela ótica do amor foi a maneira que encontrou de suportar a possibilidade e lidar com o medo do fim da vida. “Foi meu escudo para driblar a morte de relações, da minha infância, a morte física ou das pessoas que amo”.

A influência da autora vai dos beatniks a García Márquez, passando por Sylvia Plath e Ana Cristina Cesar, ou mesmo Van Gogh – para quem dedica dois poemas. Seus versos estão longe do óbvio e flertam com a prosa, usa letras minúsculas, com a finalidade de ser fluida e informal. Outra característica do texto da escritora são as letras minúsculas, que dão à poesia a extensão do pensamento dela.

A passagem de tempo entre os poemas do livro foi uma tática para demonstrar esse processo de amadurecimento. Os capítulos são divididos em meses: do eu lírico para o eu lírico amadurecido, que passou pelas mudanças. “No final, esse eu saí mais preparada para enfrentar os medos”.

Atualmente, aos 24 anos, Débora, com o tratamento já finalizado, publica seu primeiro livro.

Para conferir a publicação original, clique no link abaixo.

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