O processo de luto pode gerar depressão?

Por Thaiana Brotto para Blog Psicólogo e Terapia

Com a morte de um ente querido ou muito importante em nossas vidas, é normal que o luto, um processo sentimental que envolve a dor da perda, se instale no nosso dia a dia.

Cada pessoa lida com essa angústia de maneira individual e particular, manifestando seus sentimentos de formas bem distintas, que vão desde crises de choro até o silêncio total.

O luto, em algumas situações pode, inclusive, desencadear distúrbios psicológicos mais sérios, como a depressão, e precisar do auxílio de um psicólogo para o tratamento.

Dizem que a morte é o maior enigma da vida, afinal, não há nenhuma certeza sobre ela. Por isso, perder um filho, irmão, pai ou um amigo especial pode gerar diversos sentimentos, como a inconformidade com a situação, tristeza profunda, desespero e impotência.

Mas, se há um fato sobre a morte que não podemos negar, é: precisamos aprender a lidar com ela.

Choro, raiva, sentimento de solidão ou de incompreensão: todos fazem parte do quadro de luto. No entanto, não é possível generalizar os seus sintomas, já que cada ser humano lida de uma maneira diante dessa situação e o luto não é uma síndrome ou doença.

Pode-se dizer que o luto, na verdade, é um processo emocional pós-morte ou até pré-morte, durante o acontecimento de uma doença severa ou tratamento mais delicado.

Mais frequentemente relacionado à morte, o luto pode até ser resultado de outras situações de perdas e mudanças na vida, desde que intensas e significativas, como é o caso de uma separação, divórcio, mudança de país, perda de emprego.

Como identificar o luto?

Como dito acima, o luto pode se manifestar de diversas maneiras. Mas, há alguns sintomas mais comuns, entre eles:

  • Crises ansiosas;
  • Crise de estresse;
  • Crise de choro;
  • Excesso ou falta de apetite;
  • Melancolia;
  • Acessos de raiva;
  • Insônia;
  • Desânimo intenso para realizar as tarefas normais.

Há também estudos, feitos por psicólogos, que identificam as fases do luto. Cada uma dessas fases é sentida de uma maneira e precisa de cuidados específicos. São elas:

Negação

Nesse estágio, a pessoa evita falar sobre o assunto, não quer lembrar-se do acontecido e não aceita o fato da perda. Isso acontece quando ela ainda não tem estrutura e força emocional para lidar com a situação.

Raiva

Momentos de raiva, questionamentos, crises de choro. Essa é a fase em que a pessoa já entendeu o que aconteceu, mas ainda tem dificuldades em aceitar a situação com tranquilidade.

Barganha

Nessa fase, a pessoa costuma querer uma última chance, um último adeus ou oportunidade antes de aceitar a perda. Geralmente, isso é feito através de negociações consigo mesmo, com Deus, familiares ou entidades religiosas.

Depressão

A pessoa percebe que não há mais para onde fugir da situação e passa a encarar, de frente, a perda. No entanto, a dor é intensa e os momentos são de sofrimento.

Aceitação

A dor da perda passa a não tomar mais todo o espaço da vida. Já há vontades e entusiasmo para novas atividades, consegue-se seguir em frente e superar a perda.

Depressão: o que fazer se o luto não passa?

O luto não é algo a ser curado, afinal, é um processo natural. No entanto, em algumas situações mais graves, pode ser que ele se transforme em depressão.

Psicólogos afirmam que, quando há desinteresse pela própria vida, desistências do projeto, abandono da saúde e cuidados pessoais por uma duração de mais de seis meses, é importante buscar ajuda profissional.

É importante entender que não é o luto em si que causa o transtorno psicológico da depressão.

O que pode acontecer, com pessoas mais vulneráveis, é que o impacto do luto pode ser um grande estressor psicossocial e desencadear a depressão. Portanto, o luto seria um “gatilho” para isso.

A psicoterapia pode ser contribuir muito para a melhora dos conflitos psíquicos gerados pelo luto. O psicólogo ajuda a pessoa a assumir sua dor, sua tristeza e também a entender que, a partir de agora, a vida sofrerá mudanças que precisam ser aceitas.

Com o tempo, tratamento e atenção especial, o luto e as angústias vão sendo compreendidas e trabalhadas, para que a pessoa que sofre possa voltar a ver um futuro para si.

Psicóloga explica como lidar com o luto

Por mais duro que seja sabemos que, por forças da natureza, entes queridos algum dia se irão. Essa ideia parece muito clara em nossa cabeça, mas sentimos o peso da realidade no momento em que nos deparamos com tal situação.

A morte é certa, mas ninguém está preparado para ela. Essa é uma das frases mais ditas quando relacionado ao falecimento, mesmo quando o falecimento de um ente querido já era esperado, como em casos algumas doenças em estágio avançado.

Por mais que nos preparemos, quando a pessoa se vai a nossa reação é totalmente diferente do previsto.

É comum depois do falecimento de uma mãe, pai, irmão ou mesmo marido, a pessoa entrar em alguns estados, como por exemplo, de ‘não cair a ficha’, de achar que é um pesadelo, de não querer conviver com essa realidade.

Sendo isso alimentado, desencadeia quadros como de depressão, ansiedade, perda de peso entre outros. É nesse momento que um psicólogo pode ajudar. Como ele pode ajudar?

O psicólogo normalmente é procurado quando a situação ficou mais agravada e já não parece ser possível de ser resolvida com a ajuda e apoio de familiares e amigos.

A pessoa que luta contra o luto percebe que as forças usadas para vencer tal sentimento não estão dando resultados. Nessa hora, algumas pessoas deixam de comer, beber, conversar e sair então aceita uma ajuda externa.

Normalmente essas pessoas são apresentadas a um psicólogo através da família ou amigos, mas dificilmente através do próprio paciente.

Você precisa dar mais um passo e vencer o luto

O caminho para se vencer o luto é cheio de obstáculos.

Pela minha experiência em atendimentos clínicos percebo que as pessoas que chegam a mim com essa demanda, na sua maioria, sentem-se com sentimento de culpa, de que faltou tempo para expressar o que agora deseja: pedir perdão, amar com sinceridade, retribuir favores etc.

Esse conjunto de coisas geram em algumas pessoas ações como: Se isolar, não comer ou beber ou comer em excesso, não conversar, não sair, pensar no que deixou de fazer etc.

E o caminho para vencer o luto é totalmente na contramão do que dito anteriormente.

É necessário que o paciente entenda de que tudo tem um tempo e o luto faz parte do processo de falecimento e ausência, mas que ele não pode ser alimentado até que se torne um quadro que necessite de socorro.

Você quem determina o tempo que o luto termina e não ele quem rege suas ações a ponto de não conseguir mais controla-las.

Se você se encontra num quadro extremo no processo do luto ou está com dificuldades em lidar com a situação, não hesite em buscar a ajuda de um profissional psicólogo.

O psicólogo vai lhe ajudar a entender esse processo e que o viva saudavelmente, por meio da psicoterapia.

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O processo de luto pode gerar depressão?

 

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