Processo do luto, quando ele se torna patológico
Por Silvana de Souza Policarpi para Nova Veneza Online
Olá querido leitor!
Hoje venho conversar com você sobre o luto e quando ele se torna patológico.
Freud faz uma definição do luto como “um estado de ânimo profundamente doloroso”, sendo reacional a uma perda, e seu processo de enfrentamento depende das habilidades de cada um para se readaptar é a chamada “elaboração” do luto.
O luto é um processo emocional saudável. É necessário que se passe pelas 5 fases do luto, e todas as fases sejam bem elaborada para que o luto não se torne uma doença.
As fases do luto são:
º Negação- Também chamada de fase do isolamento, serve como um mecanismo de defesa temporário, um para-choque, que alivia o impacto da notícia, uma recusa a confrontar-se com a situação. Pensamentos como “aquilo não pode ter acontecido, não comigo, não com ela” são comuns nesse período.
° Raiva- O segundo momento, da raiva, acontece quando as pessoas saem da introspecção intensa da negação e, finalmente, começam a externalizar um sentimento: a revolta. Neste caso, os indivíduos tornam-se por vezes agressivos.
° Barganha \negociação- Nessa fase os pensamentos de que as coisas podem voltar a ser como antes prevalecem e a pessoa tenta “negociar” consigo mesma ou com os outros para que isso aconteça.
° Depressão- É a partir deste momento que o indivíduo começa a lidar, verdadeiramente, com a perda. Uma vez que a pessoa atravessou as fases de natureza mais combativas, como a autodefesa da negação e confronto da raiva, ela costuma vivenciar o luto de forma mais intensa na quarta fase.
° Aceitação- E a última fase do luto é a aceitação. Quando se chega a esse estágio, as pessoas lidam com seus sentimentos de forma serena. É o momento em que conseguem expressar de forma mais clara sentimentos, emoções, frustrações e dificuldades que as circundam. Quanto mais negarem, mais dificilmente chegarão a este último processo.
Cabe ressaltar que esses estágios não são um roteiro a ser seguido e que podem sofrer alterações de acordo com cada perspectiva pessoal.
O luto chamado “normal” passa por essas fases, porém, quando prolongado, se torna mais complexo e tende a prejudicar a saúde mental do indivíduo; além disso, é um importantíssimo diagnóstico diferencial com o Transtorno Depressivo e, por isso, ganha destaque na prática clínica.
Buscar assimilar o luto, se reorganizando da seguinte forma já é um bom caminho percorrido.
Elaborar a dor da perda: a ansiedade é muito presente nesse momento; o acompanhamento psicológico se faz essencial desde o início
Aceitar a realidade da perda: aceitar o que é inevitável e tornar isso consciente ajuda a transformar a tarefa de aceitação mais fácil de ser executada
Ajustar-se ao ambiente onde há a ausência do objeto ou pessoa perdida: reorganizar-se, planejar novos papéis que serão assumidos no período após a perda e questionar-se sobre sua posição naquele meio também pode ser uma estratégia para elaborar melhor o luto
Seguir a vida: a perda não deve limitar o caminho – as memórias serão guardadas, mas é necessário um reajuste emocional para que isso não prenda a pessoa enlutada a um momento de inércia e sofrimento.
É importante lembrar que o luto patológico não é a regra, mas sim uma complicação do processo de luto normal. Quando identificamos o luto como patológico, é necessário um tratamento com auxílio de profissionais em saúde mental.
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